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CRISE ARGENTINA
Governo não tem verba para pagar funcionalismo de Corrientes, que faz greve e paralisa serviço público
Menem estuda intervir em Província "falida"
ANDRÉ SOLIANI
de Buenos Aires
O presidente argentino Carlos
Menem mandou policiais federais
para a Província de Corrientes e
estuda uma intervenção federal na
região, devido a protestos de funcionários públicos, que paralisaram o Estado.
Na manhã de ontem, o ministro
do Interior, Carlos Corach, afirmou que, se a crise não se solucionar, enviará um projeto de lei ao
Congresso para assegurar uma intervenção no Estado.
Os problemas na capital de Corrientes, que tem o mesmo nome da
Província, começaram há seis semanas, com uma greve de professores -alguns não recebem salários desde fevereiro.
A crise se agravou esta semana,
quando metade da polícia estadual
se aquartelou em protesto, também devido a falta de pagamento.
Os funcionários da Justiça e de
centros de saúdes e hospitais também aderiram à greve há duas semanas. Os serviços públicos de
Corrientes estão todos parados.
O governador de Corrientes, Pedro Braillard Poccard, afirma que a
Província está quebrada e que não
tem dinheiro para pagar os salários. Corrientes tem uma dívida de
US$ 1,4 bilhão e não consegue renegociar com o governo federal
novos empréstimos para tentar
normalizar a situação.
Corrientes não é a única Província a enfrentar problemas financeiros. Com a recessão argentina, o
repasse federal para as Províncias
caiu 11,4% em maio. Devido à situação, as Províncias devem ter
um rombo de US$ 2,5 bilhões em
suas contas neste ano.
Corrientes, que faz fronteira com
o Brasil, na altura do Rio Grande
do Sul, tem 60 mil funcionários públicos, um terço nomeado nos últimos cinco anos.
Na quarta, 200 militantes do Partido Nuevo (governista) ocuparam
a Assembléia Legislativa, para pedir uma autorização para que o governo estadual pudesse endividar-se mais.
O juiz federal Carlos Soto Dávila
pediu ao governo federal para enviar as tropas, com intuito de desocupar a Assembléia.
Ontem, 350 homens da força policial federal chegaram à Província.
À tarde, os manifestantes foram
retirados do Legislativo provincial.
Foi pedida a prisão do chefe e do
vice-chefe da polícia.
Cerca de 5.000 pessoas vaiaram
os partidários de Poccard, o governador, enquanto eles deixavam a
Assembléia.
A renúncia de Poccard não está
descartada. Parlamentares de oposição querem votar o afastamento
do governador. Na quarta, Poccard acenou com renúncia: "Se sou
obstáculo para a solução do conflito, deixarei de ser", disse.
O juiz Dávila também pediu 13
homens da força de elite especial
da polícia federal para proteger o
governador.
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