São Paulo, Sábado, 12 de Junho de 1999
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CRISE ARGENTINA
Governo não tem verba para pagar funcionalismo de Corrientes, que faz greve e paralisa serviço público
Menem estuda intervir em Província "falida"

ANDRÉ SOLIANI
de Buenos Aires

O presidente argentino Carlos Menem mandou policiais federais para a Província de Corrientes e estuda uma intervenção federal na região, devido a protestos de funcionários públicos, que paralisaram o Estado.
Na manhã de ontem, o ministro do Interior, Carlos Corach, afirmou que, se a crise não se solucionar, enviará um projeto de lei ao Congresso para assegurar uma intervenção no Estado.
Os problemas na capital de Corrientes, que tem o mesmo nome da Província, começaram há seis semanas, com uma greve de professores -alguns não recebem salários desde fevereiro.
A crise se agravou esta semana, quando metade da polícia estadual se aquartelou em protesto, também devido a falta de pagamento.
Os funcionários da Justiça e de centros de saúdes e hospitais também aderiram à greve há duas semanas. Os serviços públicos de Corrientes estão todos parados.
O governador de Corrientes, Pedro Braillard Poccard, afirma que a Província está quebrada e que não tem dinheiro para pagar os salários. Corrientes tem uma dívida de US$ 1,4 bilhão e não consegue renegociar com o governo federal novos empréstimos para tentar normalizar a situação.
Corrientes não é a única Província a enfrentar problemas financeiros. Com a recessão argentina, o repasse federal para as Províncias caiu 11,4% em maio. Devido à situação, as Províncias devem ter um rombo de US$ 2,5 bilhões em suas contas neste ano.
Corrientes, que faz fronteira com o Brasil, na altura do Rio Grande do Sul, tem 60 mil funcionários públicos, um terço nomeado nos últimos cinco anos.
Na quarta, 200 militantes do Partido Nuevo (governista) ocuparam a Assembléia Legislativa, para pedir uma autorização para que o governo estadual pudesse endividar-se mais.
O juiz federal Carlos Soto Dávila pediu ao governo federal para enviar as tropas, com intuito de desocupar a Assembléia.
Ontem, 350 homens da força policial federal chegaram à Província. À tarde, os manifestantes foram retirados do Legislativo provincial. Foi pedida a prisão do chefe e do vice-chefe da polícia.
Cerca de 5.000 pessoas vaiaram os partidários de Poccard, o governador, enquanto eles deixavam a Assembléia.
A renúncia de Poccard não está descartada. Parlamentares de oposição querem votar o afastamento do governador. Na quarta, Poccard acenou com renúncia: "Se sou obstáculo para a solução do conflito, deixarei de ser", disse.
O juiz Dávila também pediu 13 homens da força de elite especial da polícia federal para proteger o governador.


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