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ORIENTE MÉDIO
Atentado a bomba em Tel Aviv mata 1 e fere 32; para premiê, veredicto de corte "encoraja o terrorismo"
Sharon liga ataque em Israel à decisão de tribunal da ONU
DA REDAÇÃO
O premiê israelense, Ariel Sharon, relacionou ontem um atentado a bomba ocorrido horas antes
em Tel Aviv à decisão de corte da
ONU que, na última sexta, concluiu que o muro em construção
entre Israel e a Cisjordânia é ilegal.
Foi o primeiro ataque palestino
com morte dentro do território israelense em quatro meses, e o premiê vinculou a explosão ao veredicto da Corte Internacional de
Justiça, principal órgão judicial
das Nações Unidas.
"A decisão enviou uma mensagem destrutiva que encoraja o terrorismo e prejudicou países que
estão tentando se defender", declarou Sharon. Para ele, a análise
da corte foi "unilateral e politicamente motivada", e o atentado de
ontem ocorreu "sob os auspícios
da decisão" internacional.
Sharon também ordenou a continuidade da construção da barreira, desafiando o julgamento da
corte da ONU. Para o premiê israelense, o muro na Cisjordânia
"é a providência mais razoável a
ser tomada contra o terrorismo
criminoso".
O ataque de ontem ocorreu em
um ponto de ônibus em Tel Aviv,
onde a explosão de uma bomba
matou uma soldado israelense e
feriu outras 32 pessoas.
A bomba, um explosivo de 2 kg
com pedaços cortantes de metal,
foi detonada ao amanhecer no
momento em que um ônibus parava no ponto. "De repente, houve uma grande explosão. As janelas estouraram, e o ônibus ficou
cheio de fumaça preta", disse o
motorista Eyal Gazit. "Os passageiros pularam uns sobre os outros quando tentavam sair do ônibus", completou.
O grupo terrorista palestino Brigadas de Mártires de Al Aqsa assumiu a autoria da operação, dizendo ter vingado a morte pelo
Exército de Israel de integrantes
da organização. "Isso mostra que
podemos chegar a qualquer lugar,
mesmo onde há um muro", declarou um porta-voz do grupo em
Nablus, na Cisjordânia.
O atentado foi condenado pelos
principais líderes palestinos, incluindo Iasser Arafat, presidente
da Autoridade Nacional Palestina: "Somos contrários a qualquer
ataque como esse".
Reunião
Em encontro com seus ministros para discutir como reagir ao
tribunal da ONU, Sharon confirmou que a construção do muro
na Cisjordânia continuará, respeitando recentes decisões da Justiça israelense, que ordenou mudanças na rota na região de Jerusalém, argumentando que o traçado gerava muitas dificuldades
para os palestinos.
Ontem, a Suprema Corte israelense congelou a construção de
outro trecho da barreira, perto da
cidade de Rosh Ha'Ayin (20 km a
leste de Tel Aviv). Segundo a Associação pelos Direitos Civis em
Israel, que moveu a ação, a obra
ficará paralisada até que um novo
traçado seja definido naquele trecho pela Justiça.
O governo israelense promete
uma "ofensiva diplomática total"
contra a decisão do tribunal da
ONU e já pediu aos EUA que intercedam a favor de Israel caso a
questão chegue ao Conselho de
Segurança das Nações Unidas.
Em dois anos de construções,
Israel já ergueu um quarto dos
685 km projetados para o muro.
Segundo o governo Sharon, o número de ataques palestinos caiu
até 90% nos trechos já concluídos.
Na avaliação da corte da ONU, o
traçado da obra prejudicaria mais
de 230 mil palestinos que vivem
na Cisjordânia.
Ontem, em reunião em Ramallah (Cisjordânia), chegou a consenso de que não tentarão levar a
disputa ao CS até novembro -a
estratégia do premiê Ahmed Korei é aguardar o resultado das eleição presidencial americana e uma
possível mudança de poder em
Washington.
Em resposta à reação negativa
israelense, o secretário-geral da
ONU, Kofi Annan, afirmou que a
gestão Sharon deveria respeitar a
decisão judicial, que não tem caráter obrigatório.
"Aceitamos que o governo de
Israel tem responsabilidade e dever de proteger seus cidadãos,
mas qualquer ação deve ser tomada de acordo com a decisão judicial", declarou o secretário-geral.
Com agências internacionais
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