DA REDAÇÃO

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou neste final de semana que concorrerá à reeleição imediatamente caso perca o referendo do próximo dia 15 de agosto, quando a população do país irá decidir sobre a continuidade de seu governo.
"[Se perder o referendo,] Eu sairei sem nenhum complexo, mas eu concorrerei [como candidato] no mês seguinte", disse Chávez, em entrevista ao diário argentino "Clarín".
O presidente da Suprema Corte da Venezuela, Ivan Rincón, disse que "não há restrições" que impeçam a reeleição de Chávez. "Não pode haver restrições se não estão na lei ou na Constituição", rebateu Rincón, tido pela oposição como aliado de Chávez. Ele afirmou, no entanto, que a corte decidiria sobre a questão.
Os opositores ao regime chavista reagiram afirmando que uma eventual reeleição seria ilegal e tiraria a credibilidade do referendo.
"Seria ilegal, inconstitucional. Violaria a carta e o espírito da lei e qualquer noção de bom senso", disse Jesus Torrealba, porta-voz da coalizão opositora Coordenação Democrática. "Seria como o presidente pedir para terminar o mandato para o qual foi rejeitado", acrescentou.
O artigo 233 da Constituição venezuela fala da eleição de "um novo presidente" para completar o mandato - mas não diz explicitamente que um presidente cujo mandato tenha sido revogado não possa concorrer.
Caso a corte decida que Chávez não pode se reeleger imediatamente, ele teria de esperar até 2006.
Chávez cumpre o quarto ano de seu mandato, que termina no início de 2007, à frente do quinto maior exportador mundial de petróleo. O referendo, que pode pôr fim a seu governo, vem dominando o debate político na Venezuela há meses.
Diversas pesquisas de opinião indicam que Chávez perderá no referendo - mas também mostram que ele ganharia de seus adversários mais próximos em uma eleição subseqüente. Segundo as pesquisas, a falta de um candidato "anti-Chávez" tem dividido o voto da população.

Encontro
Ontem, Chávez anunciou que pretende se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Manaus em setembro para "fortalecer relações bilaterais" - dando a entender que conta com a continuidade de seu governo depois do referendo. "A bom entendedor, poucas palavras", disse Chávez, sob aplausos de simpatizantes. O venezuelano afirmou em seu programa de TV "Alô, presidente" que o encontro será para reunir empresários e "fortalecer a relação política, comercial e econômica" entre os dois países. Segundo ele, o encontro foi marcado por Lula.