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Atentados matam ao menos 179 na Índia
Série de 8 explosões ocorreu na hora do rush em trens suburbanos de Mumbai; nenhum grupo assumiu prontamente a autoria
Hospitais locais viveram cenas de caos com grande número de feridos na cidade que é considerada a capital financeira dos indianos
DA REDAÇÃO
Ao menos 179 pessoas morreram e 661 ficaram feridas durante uma série de oito explosões coordenadas em Mumbai
(antiga Bombaim), no pior ataque terrorista em dez anos na
Índia. Até ontem não se sabia a
autoria do atentado.
As explosões ocorreram dentro de vagões da primeira classe
dos trens por volta das 18h30
do horário local (10h de Brasília), quando muitos trabalhadores voltavam para casa.
A força das bombas destruiu
portas e janelas dos trens, arremessando pertences dos passageiros para fora. Destroços de
metal retorcido misturados ao
sangue das vítimas eram vistos
pelas linhas ferroviárias.
Os trens tiveram a circulação
suspensa depois do incidente,
que foi retomada só por volta
da meia-noite local, e milhares
de pessoas ficaram impossibilitadas de viajar. O sistema
transporta mais de 6 milhões
de passageiros por dia.
Momentos após o atentado, o
sistema de telefonia celular entrou em colapso. O grande fluxo
de chamadas de pessoas em
busca de notícias de parentes e
amigos impedia que as ligações
fossem completadas.
Nos hospitais locais eram
vistas cenas de caos. Autoridades fizeram um apelo para que
a população de Mumbai doasse
sangue. "Não consigo escutar
nada. As pessoas ao meu lado
não sobreviveram. Não sei como eu consegui", disse Shailesh
Mhate, um homem de cerca de
20 anos, enquanto era atendido
no chão de um hospital.
A natureza dos ferimentos
impedia a pronta identificação
dos corpos, muitos deles mutilados. Centenas de parentes e
amigos congestionavam as entradas de setores de emergência nos hospitais.
O fato de que a maioria das
vítimas apresentava ferimentos na cabeça e no tórax levou
as autoridades a acreditar que
as bombas foram colocadas em
compartimentos de bagagens.
Terroristas
O premiê indiano, Manmohan Singh convocou uma reunião de emergência de seu gabinete e declarou que terroristas
estavam por trás dos atentados.
Especialistas afirmam que a
condição de Mumbai -onde vivem 16 milhões de pessoas- de
capital financeira da Índia torna a cidade um alvo específico
de ataques.
Apesar de os atentados não
terem sua autoria reivindicada,
a série de explosões em uma rápida sucessão é uma tática normalmente empregada por grupos separatistas da Caxemira. A
região, de maioria muçulmana,
onde vivem 10 milhões de pessoas, é motivo de disputa há décadas entre os governos do Paquistão e da Índia.
As explosões nos trens de
Mumbai ocorreram horas depois que militantes islâmicos
mataram oito pessoas em um
ataque com granadas na maior
cidade da Caxemira. Em nota, o
Ministério das Relações Exteriores do Paquistão condenou
os ataques.
"O terrorismo é a ruína de
nossos tempos e deve ser condenado, rejeitado e combatido
ampla e efetivamente", dizia o
texto divulgado, que citava as
condolências do ditador paquistanês, Pervez Musharraf.
Khursheed Mehmood Kasuri,
o chanceler do Paquistão, disse
que os ataques mostram a necessidade de negociações entre
seu país e a Índia.
Grupos terroristas da Caxemira já praticaram atentados
contra Musharraf, que, a partir
do 11 de Setembro e por pressão
dos EUA, iniciou ações contra
esses militantes, cujos laços
com a rede Al Qaeda, de Osama
bin Laden, são conhecidos.
O fato de que as explosões tenham ocorrido em um dia 11
também chamou a atenção
-além do 11 de Setembro, o
ataque no metrô de Madri que
matou 192 pessoas ocorreu no
dia 11 de março de 2004.
O primeiro-ministro da Índia classificou os ataques como
"uma covarde tentativa de espalhar um sentimento de medo
e terror entre os cidadãos".
Sean McCormack, porta-voz
do Departamento de Estado
norte-americano, declarou que
as explosões "são atos de violência sem sentido que foram
planejados para atingir pessoas
inocentes".
Tony Blair, o premiê britânico, afirmou que "nunca há justificativa alguma para o terrorismo". "Nossos pensamentos
estão com as vítimas e seus familiares. Estamos juntos com a
Índia, a democracia com a
maior população no mundo,
que compartilha de nossos valores", declarou.
Nova York
A Polícia de Nova York reforçou a segurança no metrô da cidade após os atentados nos
trens da Índia como medida de
precaução. "Não recebemos
nenhuma ameaça específica",
disse o porta-voz da polícia. Um
efetivo maior de policiais trabalhou revistando bolsas de
passageiros na hora do rush.
"Nós encaramos um ataque
terrorista em qualquer lugar do
mundo, especialmente um
ocorrido no sistema de transporte público, como um sério
alerta", disse o prefeito de Nova
York, Michael Bloomberg.
Com agências internacionais
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