São Paulo, quinta-feira, 12 de julho de 2007

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Protestos cobram governo García no Peru

Manifestantes marcham em Lima, bloqueiam estradas e invadem aeroporto no sul; greve de professores já dura uma semana

Principal central sindical promoveu atos para apoiar docentes e para reivindicar que presidente cumpra suas "promessas eleitorais"

Enrique Castro-Mendevil/Reuters
Manifestação em Lima, convocada ontem por central sindical


DA REDAÇÃO

A greve nacional de professores no Peru, que completa hoje uma semana, ganhou ontem o reforço da principal central sindical do país, que convocou um dia de paralisação geral. Houve marchas em várias cidades, bloqueios de estradas e vários confrontos entre a polícia e manifestantes. Ainda não há informação oficial sobre o número de feridos e detidos.
Na Província de Puno (sul), centenas de professores invadiram o aeroporto da cidade de Juliaca, ocuparam a pista e atearam fogo em equipamentos do local -foram reprimidos com gás lacrimogêneo pela polícia. Vôos foram cancelados.
A Confederação Geral de Trabalhadores do Peru (CGTP), maior central sindical do país, promoveu passeatas em várias cidades para apoiar os professores e cobrar "promessas eleitorais" de García de implementar medidas de distribuição de renda. O Peru cresceu em média 4% anos últimos anos, mas metade da população vive abaixo da linha de pobreza.
Entre as cobranças da CGTP está a aprovação da Lei do Trabalho, que regulará contratos temporários, e a implantação de imposto sobre os lucros da mineradoras -com o preço internacional em alta, os minérios são um dos principais propulsores do crescimento.
O governo reagiu duramente aos protestos. Depois de afirmar anteontem que partidos de esquerda querem desestabilizar o país, o presidente peruano, Alan García, há um ano no poder, classificou os manifestantes ontem como "radicais, suicidas e loucos".
O Ministério da Educação declarou a greve dos professores ilegal e anunciou a convocação de substitutos para o lugar dos grevistas, aos quais ameaça demitir. Ontem também começou a vigorar o decreto do governo que ordenou que as Forças Militares saiam às ruas para conter os protestos e garantir a ordem pública.

Congresso cercado
Na capital, Lima, 7.000 pessoas participaram de uma passeata -forças de segurança cercaram o Congresso para prevenir a invasão dos manifestantes. Acusado por García de incentivar os protestos, o nacionalista Ollanta Humala, candidato derrotado à Presidência, participou do ato.
No norte, na cidade de Piura, uma marcha reuniu 15 mil pessoas. Em Tarma (centro), há relatos não confirmados de que confrontos com a polícia deixaram vários feridos. Centenas de turistas foram impedidos de chegar a Machu Pichu, porque a companhia de transportes suspendeu o serviço por motivo de segurança. Em vários aeroportos regionais vôos foram cancelados.
A onda de manifestações, que também mobiliza mineiros e agricultores, ganhou força há uma semana, quando os professores resolveram parar em todo o país para protestar contra a Lei da Carreira Pública Magisterial, recém-promulgada pelo governo.
A medida submete os docentes a avaliações constantes e implica a demissão daqueles que forem reprovados pela terceira vez nos testes. O Sutep, sindicato da categoria, diz que a lei é uma desculpa para demitir em massa os funcionários.


Com agências internacionais


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