|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Protestos cobram governo García no Peru
Manifestantes marcham em Lima, bloqueiam estradas e invadem aeroporto no sul; greve de professores já dura uma semana
Principal central sindical promoveu atos para apoiar docentes e para reivindicar que presidente cumpra suas "promessas eleitorais"
Enrique Castro-Mendevil/Reuters
|
Manifestação em Lima, convocada ontem por central sindical |
DA REDAÇÃO
A greve nacional de professores no Peru, que completa hoje
uma semana, ganhou ontem o
reforço da principal central
sindical do país, que convocou
um dia de paralisação geral.
Houve marchas em várias cidades, bloqueios de estradas e vários confrontos entre a polícia e
manifestantes. Ainda não há
informação oficial sobre o número de feridos e detidos.
Na Província de Puno (sul),
centenas de professores invadiram o aeroporto da cidade de
Juliaca, ocuparam a pista e
atearam fogo em equipamentos do local -foram reprimidos
com gás lacrimogêneo pela polícia. Vôos foram cancelados.
A Confederação Geral de
Trabalhadores do Peru
(CGTP), maior central sindical
do país, promoveu passeatas
em várias cidades para apoiar
os professores e cobrar "promessas eleitorais" de García de
implementar medidas de distribuição de renda. O Peru cresceu em média 4% anos últimos
anos, mas metade da população
vive abaixo da linha de pobreza.
Entre as cobranças da CGTP
está a aprovação da Lei do Trabalho, que regulará contratos
temporários, e a implantação
de imposto sobre os lucros da
mineradoras -com o preço internacional em alta, os minérios são um dos principais propulsores do crescimento.
O governo reagiu duramente
aos protestos. Depois de afirmar anteontem que partidos de
esquerda querem desestabilizar o país, o presidente peruano, Alan García, há um ano no
poder, classificou os manifestantes ontem como "radicais,
suicidas e loucos".
O Ministério da Educação
declarou a greve dos professores ilegal e anunciou a convocação de substitutos para o lugar
dos grevistas, aos quais ameaça
demitir. Ontem também começou a vigorar o decreto do governo que ordenou que as Forças Militares saiam às ruas para
conter os protestos e garantir a
ordem pública.
Congresso cercado
Na capital, Lima, 7.000 pessoas participaram de uma passeata -forças de segurança cercaram o Congresso para prevenir a invasão dos manifestantes. Acusado por García de incentivar os protestos, o nacionalista Ollanta Humala, candidato derrotado à Presidência,
participou do ato.
No norte, na cidade de Piura,
uma marcha reuniu 15 mil pessoas. Em Tarma (centro), há relatos não confirmados de que
confrontos com a polícia deixaram vários feridos. Centenas de
turistas foram impedidos de
chegar a Machu Pichu, porque
a companhia de transportes
suspendeu o serviço por motivo de segurança. Em vários aeroportos regionais vôos foram
cancelados.
A onda de manifestações, que
também mobiliza mineiros e
agricultores, ganhou força há
uma semana, quando os professores resolveram parar em todo o país para protestar contra
a Lei da Carreira Pública Magisterial, recém-promulgada
pelo governo.
A medida submete os docentes a avaliações constantes e
implica a demissão daqueles
que forem reprovados pela terceira vez nos testes. O Sutep,
sindicato da categoria, diz que a
lei é uma desculpa para demitir
em massa os funcionários.
Com agências internacionais
Texto Anterior: EUA: Morre viúva de Lyndon Johnson Próximo Texto: Entrevista: Continuísmo provoca frustração Índice
|