Aliança regional completa um ano de existência longe de atingir metas traçadas

Ataque de Israel a Gaza paralisou projeto de grande foro diplomático; entidade pretende reforçar influência geopolítica da França

Dominique Faget - 13.jul.08/France Presse

Sarkozy, o sírio Assad e o egípcio Mubarak em cúpula em Paris

SAMY ADGHIRNI
DA REPORTAGEM LOCAL

Maior iniciativa diplomática do presidente francês, Nicolas Sarkozy, a União pelo Mediterrâneo (UM) completa amanhã um ano de vida na contramão dos principais objetivos que pretendia alcançar.
Em vez de selar a prometida parceria regional, a aliança acirrou clivagens e expôs a dificuldade de encontrar uma agenda comum num grupo que inclui países tão díspares como Israel, Síria e Croácia.
Até os maiores entusiastas da UM admitem que o ataque israelense a Gaza, em dezembro, enterrou a promessa de uma aliança para promover a paz e o diálogo entre culturas.
Mas analistas acreditam que o fracasso estava embutido na própria ideia de união regional.
Ainda candidato, Sarkozy anunciara, em 2007, planos de uma parceria diplomática entre os países mediterrâneos nos moldes do Processo de Barcelona, lançado em 1995 mas que nunca vingou -devido à rejeição da presença de Israel pelos Estados árabes do grupo.
Além de ressuscitar o Processo de Barcelona, a UM pretendia criar um foro de diálogo político baseado na proximidade geográfica e tratar de cooperação em áreas como transporte, ciência e energia.
A aliança tinha outros objetivos, não declarados mas óbvios: reforçar a influência geopolítica da França, estimular a economia dos países do sul para frear a imigração clandestina e oferecer uma alternativa à candidatura da Turquia à adesão à União Europeia (UE), que desperta ojeriza de Paris.
Um ano após o lançamento oficial, ainda não está claro quem financiará a UM nem como funcionará o seu comando -seguem até hoje disputas sobre a presidência rotativa e a escolha do secretário-geral.


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