São Paulo, sábado, 12 de agosto de 2006

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GUERRA NO ORIENTE MÉDIO

Israel avança com "força total"; ataques matam 34

Meta é adentrar território libanês ao máximo e enfraquecer Hizbollah até cessar-fogo

Analistas militares crêem que ação durará mais dois meses; Itamaraty deve suspender operação de retirada de brasileiros


Denis Sinyakov/France Presse
Soldado de Israel faz sinal positivo ao avançar para o Líbano


MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE KIRIYAT SHMONE (ISRAEL)

O governo israelense voltou a autorizar ontem o Exército a aumentar as tropas e tanques no sul do Líbano, apesar dos acordos diplomáticos na direção de um cessar-fogo. Na noite de ontem, oficiais israelenses disseram que o Exército "continua a avançar com força total" numa ofensiva planejada para durar mais dois meses.
Os ataques israelenses contra alvos do grupo terrorista Hizbollah no Líbano, que hoje completam um mês, mataram ontem mais 34 pessoas, segundo números oficiais. Quinze delas foram vítimas de um bombardeio contra um comboio que fugia da cidade de Marjayoun, capturada pelos israelenses anteontem. O Exército impôs toque de recolher na região e prometeu atacar todos os veículos nas ruas e estradas, por suspeitar de uso para transporte de armas para o Hizbollah.
Os subúrbios xiitas de Beirute, dominados pelo Hizbollah, também foram bombardeados. Caças israelenses atacaram ainda um ponte perto da fronteira com a Síria, matando 12 pessoas e ferindo 18. Outros bombardeios mataram duas pessoas no vale do Bekaa (nordeste) e cinco em aldeias no sul.
Nos combates ao longo da fronteira, morreram um soldado israelense e pelo menos 20 guerrilheiros, segundo o Exército. O Hizbollah disparou pelo menos 120 foguetes Katyusha e mísseis de fabricação síria Khaibar, de longo alcance, contra o norte de Israel.
Pelo menos quinze deles atingiram Haifa, deixando dois feridos. Em Kiriyat Shmone, a 3 km da fronteira, um Katyusha atingiu um prédio de 11 andares e duas casas. Três pessoas foram feridas.
Também foram disparados foguetes contra as cidades de Tzfat, Afula, Nazaré, Acre, Naharia e Shlomi, além da região norte das colinas do Golã.

Plano militar
A ação militar visa reduzir os disparos do Hizbollah, da média atual de 160 por dia para entre 30 e 50 foguetes e conseguir o maior avanço possível no terreno antes do início efetivo do cessar-fogo, além de garantir a presença de uma força militar efetiva antes do envio de tropas internacionais ou libanesas.
O plano consiste em avançar com tropas até a região do rio Litani, de onde os militares afirmam que parte a maioria dos disparos, e depois combater os cerca de 3.000 guerrilheiros nas aldeias. Para isso, seriam necessários pelo menos mais dois meses de guerra, segundo analistas militares.
O governo israelense teme, porém, que a operação tenha um alto custo em baixas, o que provocaria enorme pressão interna - pois avalia que o Hizbollah esteja preparado para os confrontos naquela região.
Israel tinha até ontem cerca de 7.000 soldados no sul do Líbano, atuando em uma "zona de segurança" de 4 km a 6 km ao longo da fronteira. Cerca de 40 mil reservistas estavam prontos, com fileiras de blindados, para expandir a ofensiva.
O gabinete de segurança de Ehud Olmert aprovou o plano na quarta-feira, e algumas colunas de blindados assumiram ontem posições estratégicas no sul libanês. Mas a operação maior foi congelada enquanto a comunidade internacional debatia os termos de um possível cessar-fogo. Israel vem afirmando que manterá as operações militares em paralelo às iniciativas diplomáticas.

Brasil
O governo deverá suspender o resgate de brasileiros no Líbano na próxima semana pois, segundo o Itamaraty, a demanda caiu. Diplomatas envolvidos na operação calculam que dois vôos sejam suficientes para trazer de volta os interessados.
Na semana que vem a Varig vai enviar a Adana, na Turquia, um MD11, cuja capacidade ainda será configurada, e a FAB (Força Aérea Brasileira) enviará um avião de 150 lugares.
Até agora 12 vôos da FAB, dois da TAM e da Gol e um da BRA trouxeram 2.305 pessoas de volta. Segundo o Itamaraty, ainda há 310 brasileiros esperando para deixar Adana.


Colaborou a Sucursal de Brasília

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