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Londres bloqueia as contas de suspeitos
Banco da Inglaterra divulga nomes de 19 homens jovens que estavam entre 24 detidos sob a acusação de terrorismo
A polícia britânica liberou 1 dos 24 presos anteontem por suposto envolvimento em plano para explodir aviões sobre o Atlântico
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES
O governo britânico anunciou ontem os nomes de 19 dos
24 suspeitos detidos sob a acusação de planejar um ataque
terrorista em vôos comerciais
do Reino Unido para os EUA.
O Banco da Inglaterra congelou os bens dos 19 suspeitos
-todos homens, com idades
entre 17 e 35 anos- e divulgou
seus nomes de acordo com a legislação da ONU contra o financiamento de terrorismo.
No fim da tarde, a Scotland
Yard anunciou a libertação de
um dos 19 suspeitos.
Citando fontes policiais, a
imprensa inglesa disse que a
maioria dos suspeitos identificados era de britânicos de ascendência paquistanesa. Segundo autoridades americanas,
todos eram muçulmanos.
O sistema de alerta foi mantido no nível crítico, o mais alto,
que indica que um ataque terrorista pode ser iminente.
"Acreditamos ter prendido
os principais suspeitos, mas as
operações continuam", afirmou o secretário do Interior,
John Reid, que também agradeceu a ajuda do Paquistão.
À tarde, o governo paquistanês confirmou que dois cidadãos de origem britânica presos no país na semana passada
detalharam o suposto ataque.
Um deles é Rashid Rauf,
identificado como "contato-chave" do grupo e suposto parente de Tayib Rauf, um dos 19
presos identificados ontem.
Segundo o governo paquistanês, há indícios de que Rashid
tenha conexões com a rede terrorista Al Qaeda, de Osama bin
Laden.
Jovens suspeitos
Quatro dos 19 suspeitos identificados ontem pelo governo
foram presos na região de Walthamstow, no leste de Londres.
Parentes, amigos e vizinhos receberam a notícia das prisões
com críticas e surpresa.
Waheed Zaman, 22, estudante de ciências biomédicas na
Universidade Metropolitana
de Londres, foi detido em casa
na madrugada de anteontem.
Sua irmã, Safina Zaman, declarou ao jornal "Evening Standard" que seu irmão era presidente da sociedade islâmica de
sua universidade e que pregava
a integração dos muçulmanos
com a sociedade ocidental.
"Meu irmão está sendo usado como bode expiatório. Ele é
benquisto na vizinhança e pregava a integração. Uma de suas
ambições era ser policial", disse
Safina.
Mas Nasser Fazal, 23, um dos
vizinhos de Zaman, afirmou
que, em conversas sobre o 11 de
Setembro, o jovem suspeito dizia estar convencido de que os
atentados eram parte de uma
"conspiração de judeus".
Próximo à rua de Zaman foi
preso o britânico Oliver Savant,
25, recém-convertido ao islamismo,quando mudou seu nome para Ibrahim, como aparece na lista divulgada ontem.
Savant, detido na casa de
seus pais, era "um garoto normal", segundo descrição dos vizinhos. "Crescemos juntos, ele
era um cara comum, ficamos
surpresos com a prisão dele",
afirmou um de seus amigos à
agência de notícias Reuters.
"Ele adorava futebol e tocava
trompete quando era pequeno.
De repente, passou a usar aquelas vestimentas brancas", disse
o bombeiro Paul Kleinman, 66,
que vive ao lado da casa dos pais
de Savant há 25 anos.
Agente infiltrado
A rede de TV americana CNN
informou ontem, citando fontes do governo americano, que
um agente secreto britânico
havia sido infiltrado na comunidade islâmica de High
Wycombe. A medida teria sido
tomada a partir de denúncia de
um muçulmano britânico que
desconfiava do comportamento de um amigo após os atentados ao sistema público de
transporte de Londres em julho do ano passado.
Em quatro ataques terroristas realizados em seqüência, 52
pessoas morreram em três vagões do metrô e um ônibus.
Segundo a CNN, os 24 suspeitos detidos anteontem não
haviam comprado passagens
para cometer os atentados, mas
faziam buscas nos sites das
companhias aéreas para encontrar vôos com horários de
partidas similares para diferentes destinos nos EUA.
A TV informou ainda que
dois suspeitos teriam viajado
recentemente ao Paquistão e
recebido dinheiro por meio de
transferências bancárias daquele país. A Casa Branca, afirma a CNN, tem registro de telefonemas feitos nas últimas semanas de Londres a Nova York
por alguns dos suspeitos.
Índia
A Embaixada dos EUA na Índia alertou ontem cidadãos
americanos sobre possíveis
ataques terroristas nos moldes
da Al Qaeda naquele país.
O sinal foi dado às vésperas
do Dia da Independência indiano, na próxima semana.
Colaborou VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO, de
Nova York
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