São Paulo, sábado, 12 de agosto de 2006

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Londres bloqueia as contas de suspeitos

Banco da Inglaterra divulga nomes de 19 homens jovens que estavam entre 24 detidos sob a acusação de terrorismo

A polícia britânica liberou 1 dos 24 presos anteontem por suposto envolvimento em plano para explodir aviões sobre o Atlântico


MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES

O governo britânico anunciou ontem os nomes de 19 dos 24 suspeitos detidos sob a acusação de planejar um ataque terrorista em vôos comerciais do Reino Unido para os EUA.
O Banco da Inglaterra congelou os bens dos 19 suspeitos -todos homens, com idades entre 17 e 35 anos- e divulgou seus nomes de acordo com a legislação da ONU contra o financiamento de terrorismo. No fim da tarde, a Scotland Yard anunciou a libertação de um dos 19 suspeitos.
Citando fontes policiais, a imprensa inglesa disse que a maioria dos suspeitos identificados era de britânicos de ascendência paquistanesa. Segundo autoridades americanas, todos eram muçulmanos.
O sistema de alerta foi mantido no nível crítico, o mais alto, que indica que um ataque terrorista pode ser iminente.
"Acreditamos ter prendido os principais suspeitos, mas as operações continuam", afirmou o secretário do Interior, John Reid, que também agradeceu a ajuda do Paquistão.
À tarde, o governo paquistanês confirmou que dois cidadãos de origem britânica presos no país na semana passada detalharam o suposto ataque.
Um deles é Rashid Rauf, identificado como "contato-chave" do grupo e suposto parente de Tayib Rauf, um dos 19 presos identificados ontem.
Segundo o governo paquistanês, há indícios de que Rashid tenha conexões com a rede terrorista Al Qaeda, de Osama bin Laden.

Jovens suspeitos
Quatro dos 19 suspeitos identificados ontem pelo governo foram presos na região de Walthamstow, no leste de Londres. Parentes, amigos e vizinhos receberam a notícia das prisões com críticas e surpresa.
Waheed Zaman, 22, estudante de ciências biomédicas na Universidade Metropolitana de Londres, foi detido em casa na madrugada de anteontem.
Sua irmã, Safina Zaman, declarou ao jornal "Evening Standard" que seu irmão era presidente da sociedade islâmica de sua universidade e que pregava a integração dos muçulmanos com a sociedade ocidental.
"Meu irmão está sendo usado como bode expiatório. Ele é benquisto na vizinhança e pregava a integração. Uma de suas ambições era ser policial", disse Safina.
Mas Nasser Fazal, 23, um dos vizinhos de Zaman, afirmou que, em conversas sobre o 11 de Setembro, o jovem suspeito dizia estar convencido de que os atentados eram parte de uma "conspiração de judeus".
Próximo à rua de Zaman foi preso o britânico Oliver Savant, 25, recém-convertido ao islamismo,quando mudou seu nome para Ibrahim, como aparece na lista divulgada ontem.
Savant, detido na casa de seus pais, era "um garoto normal", segundo descrição dos vizinhos. "Crescemos juntos, ele era um cara comum, ficamos surpresos com a prisão dele", afirmou um de seus amigos à agência de notícias Reuters.
"Ele adorava futebol e tocava trompete quando era pequeno. De repente, passou a usar aquelas vestimentas brancas", disse o bombeiro Paul Kleinman, 66, que vive ao lado da casa dos pais de Savant há 25 anos.

Agente infiltrado
A rede de TV americana CNN informou ontem, citando fontes do governo americano, que um agente secreto britânico havia sido infiltrado na comunidade islâmica de High Wycombe. A medida teria sido tomada a partir de denúncia de um muçulmano britânico que desconfiava do comportamento de um amigo após os atentados ao sistema público de transporte de Londres em julho do ano passado.
Em quatro ataques terroristas realizados em seqüência, 52 pessoas morreram em três vagões do metrô e um ônibus.
Segundo a CNN, os 24 suspeitos detidos anteontem não haviam comprado passagens para cometer os atentados, mas faziam buscas nos sites das companhias aéreas para encontrar vôos com horários de partidas similares para diferentes destinos nos EUA.
A TV informou ainda que dois suspeitos teriam viajado recentemente ao Paquistão e recebido dinheiro por meio de transferências bancárias daquele país. A Casa Branca, afirma a CNN, tem registro de telefonemas feitos nas últimas semanas de Londres a Nova York por alguns dos suspeitos.

Índia
A Embaixada dos EUA na Índia alertou ontem cidadãos americanos sobre possíveis ataques terroristas nos moldes da Al Qaeda naquele país.
O sinal foi dado às vésperas do Dia da Independência indiano, na próxima semana.


Colaborou VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO, de Nova York

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