São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 2008

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Brasil deve ser crítico com posição de Obama para AL, afirma teórico

Cornel West diz, porém, que brasileiros precisam ter "profundo medo" de McCain

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

Um dos principais intelectuais que apóiam a candidatura de Barack Obama, o professor de religião de Princeton Cornel West afirma que o candidato democrata tem sido menos progressista do que deveria em relação à política externa para a América Latina. West é um dos principais estudiosos da cultura negra e esteve no Rio para participar do seminário "Instituições para inovação".
"Os brasileiros devem ser cautelosos e críticos quanto ao meu irmão Barack Obama, mas devem ter um profundo medo em relação ao perigoso John McCain [candidato republicano]." Para West, McCain representa a volta do neoliberalismo em sua expressão mais forte.
Para o acadêmico, o fato de Obama ter se mostrado mais cauteloso em suas declarações está relacionado à estratégia para vencer a eleição. "Precisamos fazer pressão em Obama porque ele não tem sido tão progressista quanto deveria em termos de política americana relacionada à América Latina."
West estima que Obama deve vencer a eleição com uma margem pequena de votos. Para ele, os EUA estão vivendo um "lento derretimento da camada de gelo que envolvia a política" e superando um período em que era moda ser indiferente ao sofrimento dos mais vulneráveis.
Ele classificou a estratégia adotada por McCain de relacionar Obama com celebridades como Britney Spears e Paris Hilton como um sinal de desespero do candidato. "Vai ficar ainda pior", afirmou, sobre o nível da campanha até a eleição. "É por conta destas coisas que o resultado da eleição será apertado." Em compensação, afirmou que uma fatia cada vez mais expressiva do eleitorado relaciona McCain à política do atual presidente, George W. Bush, o que favorece Obama.
O acadêmico afirma que a questão racial tem um papel importante na dificuldade do candidato democrata deslanchar nas pesquisas. "A América tem um legado feio de supremacia branca. Isso não pode ser desprezado, mas Obama está lutando contra isso", disse.


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