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ANÁLISE
Iniciativa da oposição tem poucas chances de dar certo
HÉLIO SCHWARTSMAN
ARTICULISTA DA FOLHA
É remota a chance de republicanos conseguirem alterar
as regras de concessão de cidadania. A primeira dificuldade é de ordem legal. Para
valer, uma emenda constitucional precisa ser aprovada
por maioria de 2/3 em cada
Casa do Congresso e ratificada por 3/4 dos Estados.
Desde que a Constituição
foi adotada, em 1787, só 27
emendas foram incorporadas ao texto, sendo que as
dez primeiras -a Declaração
de Direitos- foram aprovadas coletivamente em 1791.
A parcimônia não se deve
à falta de iniciativa. De 1787
para cá, mais de 10 mil emendas foram propostas. O último acréscimo, ratificado em
1992, foi proposto em 1789
-dois séculos de tramitação.
Politicamente, as perspectivas não são melhores. Republicanos cujas bases são
esmagadoramente brancas
até podem ganhar pontos
com a proposta, mas, quanto
mais se sobe na hierarquia
do partido, menor a simpatia
a ela. Para chegar à Casa
Branca, republicanos dependem do Texas e da Flórida,
Estados onde os hispânicos
são cada vez mais influentes.
Mais etéreo, mas não menos importante é o fato de
que restringir a cidadania
contraria o espírito que presidiu à criação dos EUA.
O "jus soli", o princípio pelo qual a nacionalidade é dada a um indivíduo segundo
seu lugar de nascimento,
contrapõe-se ao "jus sanguinis", pelo qual ela é atribuída
em virtude da ascendência.
Para quem adota o "jus
sanguinis", o que define uma
nação é o passado comum,
traduzido em categorias como sangue e raça. Já o "jus
soli" pressupõe a ideia de
que é a vontade dos indivíduos de construir um futuro
juntos que forja a nação.
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