São Paulo, quinta-feira, 12 de agosto de 2010

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Brasileira viajou grávida só para filho ser americano

DE WASHINGTON

A professora mineira Maria Isabel, 35, tem dois filhos americanos. O primeiro nasceu quando ela vivia no país como imigrante ilegal. Na segunda gravidez, já no Brasil, ela decidiu voltar só para ter o bebê e garantir a ele passaporte dos EUA.
Para ela, que pediu para não ter o sobrenome publicado, a atração dos imigrantes é o preço que os EUA pagam por ser a economia mais importante do mundo.

MUDANÇA
Eu sou do interior de Minas Gerais e moro em Belo Horizonte desde os cinco anos. Em 1994, aos 19, me casei e fui viver com meu marido em Massachusetts (EUA). Fiquei sete anos lá e fiz todos os trabalhos de imigrantes não qualificados: faxina, restaurante, hotel.

FILHOS
Em 1998 tive meu primeiro filho, Bruno. Ele nasceu em Massachusetts e por isso tem cidadania americana. Na época eu não me preocupava com isso, só aconteceu assim porque eu morava nos EUA.
Pouco depois resolvi que queria estudar e voltei com toda a família para Belo Horizonte. O Bruno tinha quase quatro anos.
Após um tempo, engravidei de novo. Aí parei e pensei: tenho esse segundo filho no Brasil ou nos EUA? Achei que não seria justo um nascer lá e o outro não.
Um ia poder viajar pelo mundo com mais tranquilidade, enquanto o outro poderia ter alguma restrição.
A questão financeira pesa. Se não estiver bom aqui no Brasil, eles podem ir para os EUA. A qualidade de vida lá realmente é melhor. Lá temos mais acesso às coisas e aos serviços.

RETORNO
Eu poderia ter tido o bebê no Canadá, que foi por onde entrei nos EUA dessa segunda vez. Mas preferi voltar para o mesmo lugar e ter meu filho com o mesmo médico.
Assim, em 2002, com cinco meses de gravidez, voltei a Massachusetts. Tive o Lucas e só esperei ele completar três meses para poder viajar de avião e retornei ao Brasil.
Agora os dois têm passaportes americano e brasileiro.

FUTURO
Minha irmã, que ainda mora por lá, sempre me pergunta se eu não voltarei a morar nos EUA. Acho que só farei isso se o Lucas quiser ir. Mas ele é tão brasileiro que não sei se isso vai acontecer.
O Bruno eu sei que quer ir, ele sempre diz que vai morar nos EUA. Gosta de ter passaporte americano. Acha que é bem melhor. Sempre que posso mando ele para passar um tempo com a minha irmã e ele quase morre para voltar.


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