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Brasileira viajou grávida só para filho ser americano
DE WASHINGTON
A professora mineira Maria Isabel, 35, tem dois filhos
americanos. O primeiro nasceu quando ela vivia no país
como imigrante ilegal. Na segunda gravidez, já no Brasil,
ela decidiu voltar só para ter
o bebê e garantir a ele passaporte dos EUA.
Para ela, que pediu para
não ter o sobrenome publicado, a atração dos imigrantes
é o preço que os EUA pagam
por ser a economia mais importante do mundo.
MUDANÇA
Eu sou do interior de Minas
Gerais e moro em Belo Horizonte desde os cinco anos.
Em 1994, aos 19, me casei e
fui viver com meu marido em
Massachusetts (EUA).
Fiquei sete anos lá e fiz todos
os trabalhos de imigrantes
não qualificados: faxina, restaurante, hotel.
FILHOS
Em 1998 tive meu primeiro filho, Bruno. Ele nasceu em
Massachusetts e por isso tem
cidadania americana. Na
época eu não me preocupava
com isso, só aconteceu assim
porque eu morava nos EUA.
Pouco depois resolvi que
queria estudar e voltei com
toda a família para Belo Horizonte. O Bruno tinha quase
quatro anos.
Após um tempo, engravidei
de novo. Aí parei e pensei: tenho esse segundo filho no
Brasil ou nos EUA? Achei que
não seria justo um nascer lá e
o outro não.
Um ia poder viajar pelo mundo com mais tranquilidade,
enquanto o outro poderia ter
alguma restrição.
A questão financeira pesa. Se
não estiver bom aqui no Brasil, eles podem ir para os
EUA. A qualidade de vida lá
realmente é melhor. Lá temos mais acesso às coisas e
aos serviços.
RETORNO
Eu poderia ter tido o bebê no
Canadá, que foi por onde entrei nos EUA dessa segunda
vez. Mas preferi voltar para o
mesmo lugar e ter meu filho
com o mesmo médico.
Assim, em 2002, com cinco
meses de gravidez, voltei a
Massachusetts. Tive o Lucas
e só esperei ele completar
três meses para poder viajar
de avião e retornei ao Brasil.
Agora os dois têm passaportes americano e brasileiro.
FUTURO
Minha irmã, que ainda mora
por lá, sempre me pergunta
se eu não voltarei a morar
nos EUA. Acho que só farei isso se o Lucas quiser ir. Mas
ele é tão brasileiro que não
sei se isso vai acontecer.
O Bruno eu sei que quer ir, ele
sempre diz que vai morar nos
EUA. Gosta de ter passaporte
americano. Acha que é bem
melhor. Sempre que posso
mando ele para passar um
tempo com a minha irmã e
ele quase morre para voltar.
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