São Paulo, quarta-feira, 12 de setembro de 2001

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GUERRA NA AMÉRICA

REAÇÃO

Europa entra em alerta e se reúne para discutir a crise

UE convoca para hoje assembléia de emergência para reagir aos ataques

Londres, Paris e Berlim estabelecem medidas extremas de segurança

Reuters
Policial alemão deposita flores diante da Embaixada dos EUA na Alemanha, no centro de Berlim, para homenagear os americanos mortos


MARCELO STAROBINAS
EM LONDRES

A Europa se colocou em estado de alerta após os atentados nos EUA. O premiê britânico, Tony Blair, proibiu todos os vôos sobre o centro de Londres como parte de uma série de medidas para prevenir ações terroristas semelhantes, e a União Européia (UE) convocou uma reunião extraordinária de chanceleres para hoje.
O governo do Reino Unido cancelou todas as suas atividades para se concentrar na coordenação de medidas de segurança. Principal aliado militar dos EUA no mundo, o país teme ser alvo também de ataques.
Poucos após o primeiro avião ter se chocado com o edifício World Trade Center, Blair convocou uma reunião do comitê ministerial de emergência (conhecido no país pelo codinome "Cobra"). Ao final do encontro, Blair anunciou as primeiras medidas preventivas: segurança aumentada em todos os prédios públicos, militares e aeroportos; alteração de todas as rotas aéreas dirigidas a Londres, para que nenhuma aeronave sobrevoasse o centro da cidade; proibição da decolagem de jatos particulares sem autorização especial prévia; colocação de todos os serviços de segurança e da polícia em alerta máximo.
A incerteza sobre a possibilidade de novos atentados ao longo do dia não chegou a causar pânico em Londres, mas alguns potenciais alvos foram esvaziados.
Londres figura no topo da lista de alvos de militantes extremistas islâmicos. Aviões militares britânicos participam diariamente de bombardeios ao Iraque ao lado de caças norte-americanos. Dos países da União Européia, o Reino Unido é aquele cuja imagem está mais proximamente associada a Washington.
Tony Blair cancelou a sua agenda assim que soube das notícias e prometeu estar ao lado dos americanos nos esforços para punir os culpados. "Esse terrorismo em massa é o novo mal do mundo de hoje. É perpetrado por fanáticos que são totalmente indiferentes ao valor da vida humana", declarou, em tom emocionado. "Teremos de nos unir e lutar juntos para erradicar completamente esse mal do mundo."
O governo da França também se mobilizou. O primeiro-ministro decidiu ativar um plano Vigipirate [adotado pela primeira vez em 1995, após explosões promovidas por guerrilhas argelinas] intensificado, o que significa a mobilização de todas as forças de segurança e das Forças Armadas para garantir a proteção e a segurança do povo francês", declarou o ministro do Interior, Daniel Vaillant.

União Européia
A UE convocou para a manhã de hoje, em Bruxelas (Bélgica), uma reunião extraordinária de chanceleres para discutir sua reação ao atentado nos EUA. "Eles se encontrarão para definir uma resposta conjunta", declarou o porta-voz Gunnar Wiegand.
Os ministros deverão determinar "de que maneira a UE poderá ajudar o povo americano na busca e no resgate de vítimas, assim como nas investigações sobre a responsabilidade por esses ataques". Outro tema de discussão será "como organizar a cooperação antiterrorista".
O chefe da diplomacia da União Européia, Javier Solana, se disse pasmo: "Nenhuma palavra pode expressar adequadamente meus sentimentos quanto a esses atos bárbaros de terrorismo".

Com agências internacionais


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