São Paulo, quarta-feira, 12 de setembro de 2001

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Americano diz que ação foi humilhante

ESTELA CAPARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O clima era de caos nas ruas de Washington durante a manhã de ontem. Explosão, congestionamentos e muita correria agravaram o medo que tomou conta da capital americana.
"Foi terrível. A sensação era de vulnerabilidade. Era humilhante ver o ataque ao país com os aviões das próprias companhias americanas", disse Carl Watson, funcionário de um centro de estudos em Washington.
Watson conseguiu escapar da confusão que tomou conta das ruas da capital americana porque foi avisado, por telefone, dos atentados em Nova York. Voltou para casa para se proteger. De fato, uma hora depois dos ataques ao World Trade Center, foi a vez de o Pentágono ser alvo dos terroristas. "Estava me dirigindo ao trabalho quando fui avisado do atentado. Voltei para casa e fiquei chocado ao saber que Washington também foi atacada", diz.
No centro da capital americana, uma enorme camada de fumaça negra pairava perto da Casa Branca. Dezenas de caminhões de bombeiros corriam pelas ruas. Ali, agentes do serviço secreto americano corriam por todas as direções. Policias a moto e a pé empurraram os turistas e demais curiosos que vieram ali em mais um dia de visitas. Uma longa faixa amarela delimitava o espaço onde a passagem era proibida.
No céu, helicópteros sobrevoavam o local incessantemente. "É uma loucura. Todo mundo está correndo por todas as partes. O melhor é sair daqui", disse Dave Loeb ao fechar as portas de seu restaurante.
Nas ruas próximas, gritaria e corre-corre. Centenas de pessoas abandonam rapidamente seus escritórios. Em poucos minutos, prédios inteiros foram evacuados, incluindo os edifícios do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial e do FBI.

Celular
Nas ruas, as pessoas tentavam falar pelos telefones celulares. Mas, com o colapso das linhas telefônicas, as ligações dificilmente eram completadas. A saída eram os telefones públicos. "Não posso ligar para meus pais. Preciso dizer a eles que estou bem", disse uma estudante da George Washington University.
Com o fechamento de diversas vias próximas a bases militares e a fuga dos americanos para suas casas, quilômetros de congestionamentos eram registrados.
Não muito longe dali, dezenas de pessoas podiam ser vistas no Farragut Square, um lugar normalmente ocupado por dezenas de mendigos e desempregados. "É assustador. Nós sempre falávamos sobre isso como algo impossível. E agora está ali, perto da Casa Branca", disse Anthony Riker, 23, executivo que trabalha no prédio New Executive Office.
Por todos os lugares corriam rumores de possíveis novos ataques. As pessoas falavam de explosões no Congresso e em outros locais da capital. "Mal dia para visitar Washington", disse um turista.


Com agências internacionais

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