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Cúpula dos Não-Alinhados começa em Cuba
Posição anti-EUA não é unanimidade entre participantes do evento, cujas estrelas são Chávez e Ahmadinejad
DA REDAÇÃO
A 14ª Cúpula dos Países Não-Alinhados começou em Havana (Cuba) ontem, mesmo dia
do aniversário de cinco anos do
11 de Setembro, sem uma palavra sobre os atentados de 2001
nos EUA.
Foi um sinal do caráter antiamericano que seu organizador
e parte dos participantes quer
imprimir ao encontro. Sob o
comando de Cuba nos próximos três anos, em substituição
à Malásia, o Movimento dos
Não-Alinhados, que data da
Guerra Fria, tem a oportunidade de se revitalizar explorando
o apelo que uma postura crítica
aos EUA ganhou no governo
George W. Bush.
No discurso de abertura, o
chanceler cubano, Felipe Pérez
Roque, pregou a união contra a
ameaça de ações militares por
parte dos EUA. Ele também
atacou Israel, ao condenar a
"brutal agressão" contra o Líbano e o "genocídio diário"
contra os palestinos, e criticou
a pressão para que o Irã abandone seu programa nuclear.
"Outros países não-alinhados são ameaçados com guerras preventivas e agressões. É
por isso que é indispensável
que nos unamos em defesa de
nossos direitos", afirmou. Há a
intenção de aprovar uma declaração final rejeitando todo terrorismo contra populações civis, incluindo o de Estado.
Na linha do antiamericanismo, as estrelas do evento devem ser os presidentes Hugo
Chávez (Venezuela) e Mahmoud Ahmadinejad (Irã), além
do anfitrião Fidel Castro, cuja
presença nas atividades é incerta, pois ainda se recupera de
uma cirurgia no intestino.
Na ausência de Fidel, que já
anunciou que, ao menos, recepcionará autoridades, seu substituto será Raúl Castro, que assumiu o poder interinamente
em 31 de julho.
Por outro lado, são aguardados líderes que não pretendem
endossar uma forte posição antiamericana. Alguns, aliás, têm
encontros programados com
Bush depois da cúpula. Nesse
grupo, estão o ditador do Paquistão, Pervez Musharraf, um
aliado crucial dos EUA em sua
guerra ao terror, o presidente
da África do Sul, Thabo Mbeki,
e o premiê indiano, Manmohan
Singh -os dois últimos estarão
no Brasil nesta semana.
Ao chegarem em Havana, porém, todos os líderes conviverão com cartazes críticos aos
EUA, como um em que Bush
aparece caracterizado como
um vampiro, com sangue escorrendo dos dentes.
Cuba espera a presença de
cerca de 50 chefes de Estado ou
de governo, que se reunirão na
sexta e no sábado, o último dia
da cúpula. O secretário-geral da
ONU, Kofi Annan, e a China
participarão como observadores -possibilidade que os EUA
recusaram.
Reações
Em Miami, exilados cubanos
conclamaram países que são
aliados americanos a não participarem do encontro. Para deputada Ileana Ros-Lehtinen,
da Flórida, a época do evento é
uma "clara provocação aos
EUA". Republicana de origem
cubana, a congressista é a autora de moção contra supostas
atividades terroristas na Tríplice Fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai, aprovada
na Câmara dos Representantes
(deputados) no último mês de
junho.
Com agências internacionais
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