São Paulo, terça-feira, 12 de setembro de 2006

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Cúpula dos Não-Alinhados começa em Cuba

Posição anti-EUA não é unanimidade entre participantes do evento, cujas estrelas são Chávez e Ahmadinejad

DA REDAÇÃO

A 14ª Cúpula dos Países Não-Alinhados começou em Havana (Cuba) ontem, mesmo dia do aniversário de cinco anos do 11 de Setembro, sem uma palavra sobre os atentados de 2001 nos EUA.
Foi um sinal do caráter antiamericano que seu organizador e parte dos participantes quer imprimir ao encontro. Sob o comando de Cuba nos próximos três anos, em substituição à Malásia, o Movimento dos Não-Alinhados, que data da Guerra Fria, tem a oportunidade de se revitalizar explorando o apelo que uma postura crítica aos EUA ganhou no governo George W. Bush.
No discurso de abertura, o chanceler cubano, Felipe Pérez Roque, pregou a união contra a ameaça de ações militares por parte dos EUA. Ele também atacou Israel, ao condenar a "brutal agressão" contra o Líbano e o "genocídio diário" contra os palestinos, e criticou a pressão para que o Irã abandone seu programa nuclear.
"Outros países não-alinhados são ameaçados com guerras preventivas e agressões. É por isso que é indispensável que nos unamos em defesa de nossos direitos", afirmou. Há a intenção de aprovar uma declaração final rejeitando todo terrorismo contra populações civis, incluindo o de Estado.
Na linha do antiamericanismo, as estrelas do evento devem ser os presidentes Hugo Chávez (Venezuela) e Mahmoud Ahmadinejad (Irã), além do anfitrião Fidel Castro, cuja presença nas atividades é incerta, pois ainda se recupera de uma cirurgia no intestino.
Na ausência de Fidel, que já anunciou que, ao menos, recepcionará autoridades, seu substituto será Raúl Castro, que assumiu o poder interinamente em 31 de julho.
Por outro lado, são aguardados líderes que não pretendem endossar uma forte posição antiamericana. Alguns, aliás, têm encontros programados com Bush depois da cúpula. Nesse grupo, estão o ditador do Paquistão, Pervez Musharraf, um aliado crucial dos EUA em sua guerra ao terror, o presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, e o premiê indiano, Manmohan Singh -os dois últimos estarão no Brasil nesta semana.
Ao chegarem em Havana, porém, todos os líderes conviverão com cartazes críticos aos EUA, como um em que Bush aparece caracterizado como um vampiro, com sangue escorrendo dos dentes.
Cuba espera a presença de cerca de 50 chefes de Estado ou de governo, que se reunirão na sexta e no sábado, o último dia da cúpula. O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e a China participarão como observadores -possibilidade que os EUA recusaram.

Reações
Em Miami, exilados cubanos conclamaram países que são aliados americanos a não participarem do encontro. Para deputada Ileana Ros-Lehtinen, da Flórida, a época do evento é uma "clara provocação aos EUA". Republicana de origem cubana, a congressista é a autora de moção contra supostas atividades terroristas na Tríplice Fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai, aprovada na Câmara dos Representantes (deputados) no último mês de junho.


Com agências internacionais

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