São Paulo, sábado, 12 de setembro de 2009

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Paquistão anuncia prisão de líder-chave do Taleban

Muslim Khan era porta-voz do grupo em região alvo de ofensiva militar do governo

Anúncio da prisão, cuja data não foi informada, coincide com aniversário de ataques aos EUA e sinaliza ao aliado compromisso anti-Taleban


DA REDAÇÃO

O Paquistão anunciou ontem a prisão do porta-voz do Taleban na região do vale do Swat, fronteiriça com o Afeganistão. A detenção é a primeira no alto escalão do grupo radical islâmico desde o início, há mais de quatro meses, da ofensiva militar contra o bastião insurgente.
Islamabad não disse quando a detenção de Muslim Khan foi feita, mas a anunciou de forma a coincidir com o aniversário de oito anos do 11 de Setembro e, assim, sinalizar o seu comprometimento com a ofensiva dos EUA realizada contra o país vizinho depois dos atentados.
Khan, 54, considerado a face pública do Taleban no Swat, apareceu várias vezes na televisão para reivindicar ataques do grupo e defender ante a população a causa insurgente. O porta-voz viveu por vários anos nos EUA, onde trabalhou como pintor. Foi deportado após os ataques terroristas de 2001.
Em uma entrevista à Associated Press em abril, Khan dissera que Osama bin Laden seria bem-vindo ao vale do Swat.
Além de Khan, foram presos outros quatro líderes de menor escalão do Taleban na região: Mahmood Khan, Fazle Ghaffar, Abdul Rehman e Sartaj Ali.
De acordo com a versão oficial, Khan e os outros quatro líderes foram detidos em Mingora, a principal cidade da região. Mas um jornal de Karachi disse que os insurgentes foram presos em Islamabad, para onde teriam ido a fim de negociar uma trégua com o governo.
Da capital, o ministro do Interior paquistanês, Rehman Malik, exortou outros líderes do grupo a se entregarem. "Esta tem sido nossa política desde o início da ofensiva [no Swat]. Não haverá negociações com terroristas. Não há outra opção. Eles serão mortos ou presos."
O Exército paquistanês disse que os insurgentes estão sendo interrogados, e operações militares no Swat já foram realizadas nos últimos dias a partir de informações deles obtidas.

Ofensiva no Swat
A ofensiva contra o Taleban no Swat foi iniciada no final de abril e intensificada no começo de maio, após o fracasso do acordo entre governo e o grupo para a imposição da sharia (lei islâmica) na região. O pacto de paz foi, porém, rompido após o avanço do Taleban sobre regiões a 100 km de Islamabad.
Segundo o Paquistão, já foram mortos durante a ofensiva ao menos 1.800 membros do Taleban, mas até a prisão de Khan não haviam sido detidos líderes do grupo no Swat -um dos maiores temores dos residentes que retornaram à região, declarada "sob controle".
Em julho, o Exército paquistanês disse ter ferido o líder do grupo no Swat, Maulana Fazlullah, em um ataque aéreo. Mas a informação não foi confirmada.
A prisão de Khan ocorre ainda apenas semanas depois da morte do líder do Taleban no Paquistão, Baitullah Mehsud, em um ataque americano no Waziristão do Sul, outra região fronteiriça com o Afeganistão.
Tanto a morte de Mehsud, tido como inimigo número um de Islamabad, quanto a detenção de Khan representam reveses para o Taleban, que faz do noroeste paquistanês um refúgio para lançar ataques contra a missão americana no vizinho. Mas também fortalecem o Paquistão ante a Casa Branca.
O governo Barack Obama fez da fronteira entre Paquistão e Afeganistão o foco de combate ao terrorismo e pressiona Islamabad por ações contra o Taleban. Desde o início do ano, houve um aumento de tropas no país ocupado, e, em breve, deve ser anunciada uma nova estratégia para a missão.

Com agências internacionais e "New York Times"



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