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Turcos decidem se ficam mais próximos da Europa
Voto hoje é crucial para planos do governo de se juntar à União Europeia
Plebiscito opõe governo islâmico e a oposição ligada ao Exército, que se vê como guardião do Estado secular turco
ANA CAROLINA MORENO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
EM ISTAMBUL (TURQUIA)
No aniversário de 20 anos
do golpe de Estado mais recente na Turquia, 50 milhões
de pessoas vão às urnas hoje
para votar um pacote de
emendas à Constituição de
1982, feita pelos militares.
Rara democracia muçulmana, ponte entre o Ocidente e o Oriente Médio e membro da Otan (Organização do
Tratado do Atlântico Norte),
a Turquia há quase uma década vive a tensão entre os islâmicos no poder e os generais e juízes que se veem como guardiães do secularismo, sobre o qual o país foi
fundado no começo do século passado.
O plebiscito de hoje novamente opõe essas forças. O
que se supunha uma vitória
tranquila do governo acabou
se convertendo em uma disputa ferrenha.
É também um teste de popularidade para o premiê Recep Tayyip Erdogan, no poder desde 2002.
Alardeado como mais um
passo em direção à entrada
da Turquia na União Europeia, o referendo apoiado pelo Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP, na sigla em
turco) muda vários artigos.
Exemplos são a proteção
de dados pessoais, programas de ação afirmativa, negociação salarial coletiva e o
fim da imunidade aos militares envolvidos no golpe de
Estado de 1980.
Mas o fato de a Comissão
Europeia não ter endossado
totalmente essa eleição, e de
nações como Alemanha e
França serem abertamente
contra a adesão turca, fez
com que a oposição se levantasse contra o referendo.
Entre as mudanças mais
polêmicas do pacote estão
quatro artigos que dão ao
Executivo o poder de indicar
juízes para o Tribunal Constitucional e limitam a duração
dos mandatos.
O principal partido de oposição, o Partido do Povo Republicano (CHP), acusa o
AKP de tentar tirar a autonomia do Judiciário, outro bastião secular.
Já o governo critica o que
considera um excesso antidemocrático de poder do Tribunal Constitucional e do
Supremo Tribunal de Juízes e
Promotores.
DIVERGÊNCIAS
Ataques à parte, o resultado do referendo tende a mostrar mais sobre o apoio que o
AKP mantém entre a população do que a opinião da sociedade sobre as propostas.
O engenheiro Azem Alptekin, 28, critica o pouco debate e esclarecimento sobre o
texto em votação. "Eu nunca
votaria no AKP, mas acho
que essas mudanças serão
boas para nós", diz.
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