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"A Turquia é a união de Leste e Oeste"
Ministro dos Assuntos Europeus diz que entrada no bloco continental seria "antítese do choque de civilizações"
Para Egemen Bagis, o país precisa se livrar da legislação herdada de um regime autoritário, se quiser ser aceito
Burhan Ozbilici/Associated Press
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Apoiadores do voto "sim" no plebiscito constitucional no distrito de Uskudar, em Istambul, a maior cidade da Turquia
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
EM ISTAMBUL
O Ministro dos Assuntos
Europeus da Turquia, Egemen Bagis, é o político mais
jovem a chefiar um ministério no atual governo. Aos 40
anos, é ele quem tenta conquistar a tão aguardada aceitação do país pela União Europeia.
Em entrevista exclusiva à
Folha, Bagis explica como
os resquícios do golpe militar de 1980 precisam ser apagados para que a nação turca
seja finalmente aceita na UE.
"Democracia mínima quer
dizer desenvolvimento mínimo. Sempre que a Turquia
quis fazer avanços, a Constituição do golpe militar nos
puxou para trás como um
ímã", afirma o ministro.
(ACM)
Folha - Por que o pacote de
mudanças tem propostas tão
distintas?
Egemen Bagis - Muitos países votam emendas em pacote. Os 27 membros da UE votaram o Tratado de Lisboa, a
Constituição europeia, como
um pacote. Nesse caso, nós já
tínhamos votado artigo por
artigo no Parlamento.
Muito se fala sobre a confiança dos investidores em caso
de uma derrota no referendo.
Quais seriam os benefícios
econômicos da vitória?
A espinha dorsal da economia turca é o comércio
com os países europeus. Conforme avançamos nas reformas da UE, o capital estrangeiro fluiu para o país. Hoje a
Turquia é a sexta maior economia da Europa.
Tivemos sucesso ao fortalecer a confiança e a estabilidade. Quando você embarca
no trem UE, quer dizer que
você é um país democrático,
transparente e estável.
A Turquia espera há 51 anos
para entrar na UE. Por que isso ainda não aconteceu?
Veja os casos de Grécia,
Portugal e Espanha. Todos se
tornaram membros da Comunidade Europeia nos anos
80, depois de se libertarem
das ditaduras, ao emendar
suas Constituições herdadas
dos regimes militares.
A Turquia se candidatou à
UE em 1959 e temos constituição militar desde 1960, isso não pode ser uma coincidência. É hora de tomarmos a
mesma decisão que esses
países, ou não chegaremos a
um nível de democracia compatível com padrões da UE.
Em 12 de setembro, a mentalidade do golpe deixará de
existir.
A religião é uma ameaça ao
projeto turco para a UE?
Busque nossa posição no
mapa. Você verá que a Turquia não é a divisão entre o
Leste e o Oeste, mas a união.
Essa seria uma grande oportunidade para a UE provar
que é um projeto pacífico. A
Turquia como país-membro
seria a antítese do choque de
civilizações e preveniria novas polarizações no mundo.
Além disso, há milhões de
cidadãos europeus muçulmanos, então isso não seria
algo novo e facilitaria a integração e a compreensão mutual. Também é uma oportunidade de a UE provar se é
um clube das elites cristãs ou
uma união de valores.
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