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Apoiado por Brasil, Haiti inicia plano de replantio
Projeto começou em base brasileira, que tem viveiro de 20 mil mudas
País tem apenas 2% da sua cobertura vegetal original; agrônomo haitiano que estudou no Brasil fez o programa
LUIS KAWAGUTI
DE SÃO PAULO
A base militar brasileira no
Haiti não tem mais só alojamentos e depósitos de armas.
A mais nova benfeitoria é
um viveiro que produzirá 20
mil mudas de árvores por
ano para um projeto piloto de
reflorestamento do Haiti
-onde há 2% da cobertura
vegetal original intacta.
A ideia é do haitiano Jude
Brice, 38, que estudou agronomia no Rio de Janeiro e,
em 2005, entrou como intérprete de creole (idioma local)
nas tropas do Brasil na Minustah (missão da ONU).
Desarmado, Brice acompanhou os soldados brasileiros em alguns de seus combates mais violentos. Nos intervalos das missões, usava
os conhecimentos de agronomia para escrever um projeto
de reflorestamento do Haiti.
O trabalho serviu de base
para os governos do Brasil e
da Espanha reflorestarem
uma cidade do interior do
país, mas Brice não pôde participar.
No final do ano passado,
ele encontrou na base brasileira a ajuda de que precisava
para começar seu próprio
projeto, dessa vez na capital,
Porto Príncipe.
Os militares queriam fazer
uma ação ecológica para
compensar as 3.000 toneladas de gás carbônico que sua
base despeja por ano na atmosfera. Assim, abraçaram a
ideia de Brice.
Mas o projeto quase ficou
no papel quando a sede da
Minustah ruiu com o terremoto de 12 de janeiro, soterrando Brice. Ele foi resgatado
e medicado pelos brasileiros
e, no mês passado, começou
a construir o viveiro.
"Vamos produzir 10 mil
mudas por semestre. Pretendemos envolver a sociedade
e começar a plantar perto de
escolas em regiões de montanha", disse. A área a ser reflorestada por ano equivale a
dez campos de futebol.
MATRIZ ENERGÉTICA
O alto índice de desmatamento no Haiti é consequência da matriz energética do
país ainda ser o carvão vegetal. A meta do governo haitiano é reflorestar 10% da área
do país em cinco anos.
Segundo o capitão Israel
Demogalski, do Exército brasileiro, o preparo do solo será
feito pelos militares e o plantio, pela comunidade.
O projeto é pequeno e tem
verba de R$ 34 mil. Ele reflorestará 10% do que uma ação
de larga escala costuma
abranger, segundo o professor Tokitika Morokawa, da
Universidade Federal Rural
do Rio de Janeiro.
Mas, diz ele, terá o mérito
de testar a resistência da espécie de árvore escolhida e a
aceitação da população. Esses dados poderão então ser
usados em uma ação maior.
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