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GUERRA À VISTA
Segundo o "New York Times", Bush estuda instalar regime militar americano após derrubar Saddam
EUA têm plano para ocupação do Iraque
DA REDAÇÃO
A Casa Branca está desenvolvendo um plano detalhado para
estabelecer um regime militar liderado pelos EUA no Iraque após
uma eventual deposição do ditador Saddam Hussein, disse ontem
o diário "The New York Times",
citando autoridades do governo.
O projeto teria como modelo a
ocupação americana do Japão
após a Segunda Guerra. Um comandante militar dos EUA assumiria o controle por um período
de transição, até o estabelecimento de um governo democrático.
Ele coordenaria a eliminação
dos arsenais de Saddam e garantiria a exploração, por Washington,
da segunda maior reserva de petróleo mundial. Os atuais líderes
políticos ligados ao regime seriam
julgados por crimes de guerra.
O assunto faz parte de discussões entre o presidente George W.
Bush e seus assessores. Um alto
funcionário disse ao "Times", porém, que ainda não houve aprovação formal ao plano.
A notícia seria um indício de
que a administração Bush não
confia na capacidade da oposição
iraquiana de governar com estabilidade um Iraque pós-Saddam.
Porta-vozes em Washington
admitiram que tropas americanas
seriam utilizadas como parte de
uma força de estabilização.
"Claramente, a segurança seria
uma preocupação nos primeiros
meses após a derrubada de Saddam Hussein", disse Victoria
Clarke, porta-voz do Pentágono.
"Os EUA e nossos aliados estão
dispostos a encontrar uma forma
de ajudar a manter a paz e a estabilidade da região e, particularmente, manter o Iraque como um
país unificado caso a força militar
seja usada", declarou Ari Fleischer, porta-voz da Casa Branca.
A proposta de criar uma presença militar americana é criticada até mesmo por vozes conservadoras dos EUA. "Sou visceralmente contra uma ocupação prolongada de um país muçulmano,
no coração do mundo muçulmano, por nações que proclamam o
direito de reeducar aquele país",
disse o ex-secretário de Estado
Henry Kissinger.
A existência de um plano nesses
moldes deve alimentar os sentimentos antiamericanos no mundo árabe. Bush obteve autorização do Congresso para fazer uso
da força para obrigar Bagdá a
obedecer resoluções da ONU que
prevêem a eliminação de suas armas de destruição em massa.
Agora, os EUA tentam convencer França, Rússia e China a aprovar no Conselho de Segurança
(CS) resolução que determine inspeções de armas rigorosas no Iraque e autorização para o uso da
força se Bagdá não cooperar.
O Iraque anunciou ontem estar
pronto para receber os inspetores
da ONU no dia 19. O diretor da
Unmovic (Comissão de Monitoramento, Verificação e Inspeção
da ONU), Hans Blix, planejava
enviar equipe ao país nesta data.
Em carta enviada à ONU, porém, o Iraque não responde a demandas feitas por Blix e pelo diretor da Agência Internacional de
Energia Atômica, Mohamed El
Baradei. Os EUA acusaram Bagdá
de tentar fazer novas manobras
para ganhar tempo.
Após reuniões no CS e com autoridades americanas, Blix afirmou que os trabalhos em solo iraquiano só serão iniciados após a
definição sobre o conteúdo da nova resolução em discussão.
Com agências internacionais
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