São Paulo, sábado, 12 de outubro de 2002

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GUERRA À VISTA

Segundo o "New York Times", Bush estuda instalar regime militar americano após derrubar Saddam

EUA têm plano para ocupação do Iraque

DA REDAÇÃO

A Casa Branca está desenvolvendo um plano detalhado para estabelecer um regime militar liderado pelos EUA no Iraque após uma eventual deposição do ditador Saddam Hussein, disse ontem o diário "The New York Times", citando autoridades do governo.
O projeto teria como modelo a ocupação americana do Japão após a Segunda Guerra. Um comandante militar dos EUA assumiria o controle por um período de transição, até o estabelecimento de um governo democrático.
Ele coordenaria a eliminação dos arsenais de Saddam e garantiria a exploração, por Washington, da segunda maior reserva de petróleo mundial. Os atuais líderes políticos ligados ao regime seriam julgados por crimes de guerra.
O assunto faz parte de discussões entre o presidente George W. Bush e seus assessores. Um alto funcionário disse ao "Times", porém, que ainda não houve aprovação formal ao plano.
A notícia seria um indício de que a administração Bush não confia na capacidade da oposição iraquiana de governar com estabilidade um Iraque pós-Saddam.
Porta-vozes em Washington admitiram que tropas americanas seriam utilizadas como parte de uma força de estabilização.
"Claramente, a segurança seria uma preocupação nos primeiros meses após a derrubada de Saddam Hussein", disse Victoria Clarke, porta-voz do Pentágono.
"Os EUA e nossos aliados estão dispostos a encontrar uma forma de ajudar a manter a paz e a estabilidade da região e, particularmente, manter o Iraque como um país unificado caso a força militar seja usada", declarou Ari Fleischer, porta-voz da Casa Branca.
A proposta de criar uma presença militar americana é criticada até mesmo por vozes conservadoras dos EUA. "Sou visceralmente contra uma ocupação prolongada de um país muçulmano, no coração do mundo muçulmano, por nações que proclamam o direito de reeducar aquele país", disse o ex-secretário de Estado Henry Kissinger.
A existência de um plano nesses moldes deve alimentar os sentimentos antiamericanos no mundo árabe. Bush obteve autorização do Congresso para fazer uso da força para obrigar Bagdá a obedecer resoluções da ONU que prevêem a eliminação de suas armas de destruição em massa.
Agora, os EUA tentam convencer França, Rússia e China a aprovar no Conselho de Segurança (CS) resolução que determine inspeções de armas rigorosas no Iraque e autorização para o uso da força se Bagdá não cooperar.
O Iraque anunciou ontem estar pronto para receber os inspetores da ONU no dia 19. O diretor da Unmovic (Comissão de Monitoramento, Verificação e Inspeção da ONU), Hans Blix, planejava enviar equipe ao país nesta data.
Em carta enviada à ONU, porém, o Iraque não responde a demandas feitas por Blix e pelo diretor da Agência Internacional de Energia Atômica, Mohamed El Baradei. Os EUA acusaram Bagdá de tentar fazer novas manobras para ganhar tempo.
Após reuniões no CS e com autoridades americanas, Blix afirmou que os trabalhos em solo iraquiano só serão iniciados após a definição sobre o conteúdo da nova resolução em discussão.


Com agências internacionais

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