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IRAQUE SOB TUTELA
Xiitas aceitam emendas à Constituição, como queriam os sunitas; acordo visa reduzir violência sectária
Em dia com mais de 50 mortos, xiitas cedem
DA REDAÇÃO
Uma série de ataques a quatro
dias do plebiscito sobre a Constituição do Iraque deixou ontem
mais de 50 mortos no país. Na
tentativa de conter as tensões sectárias, amplificadas pela proximidade da votação, líderes políticos
chegaram a um acordo para estabelecer um comitê parlamentar
que revisará o documento e poderá propor emendas, antes vetadas.
Alguns líderes sunitas que vinham criticando o texto e ameaçando estimular o "não" no plebiscito de sábado apoiaram o
acordo. Com a mudança, eles ganham a chance de alterar o documento numa próxima legislatura,
quando devem ter uma representação mais expressiva -na atual,
por terem boicotado as últimas
eleições, são sub-representados.
Os sunitas são minoritários no
Iraque, mas têm ampla maioria
em 3 das 18 governadorias (Províncias) do país, suficiente para
derrubar a Carta.
Um dos principais grupos sunitas do Iraque, o Partido Islâmico
Iraquiano, passou a exortar seus
simpatizantes a apoiarem a Carta
depois de parte de suas demandas
ser aceita ontem. O acordo, do
qual foram divulgados poucos detalhes, foi fechado após dois dias
de reuniões na casa do presidente
Jalal Talabani das quais participaram membros do governo, o embaixador americano no Iraque,
Zalmay Khalilzad, e representantes sunitas. Por ele foi estabelecido
que a Constituição pode ser
emendada a partir do quarto mês
de mandato da próxima legislatura, a ser eleita em dezembro.
No entanto, segundo autoridades iraquianas citadas pelo jornal
"New York Times", os xiitas e os
curdos não cederam nos pontos
mais delicados. Entre eles estão a
relação entre religião e Estado, o
acesso de ex-membros do Baath
(o extinto partido de Saddam
Hussein) a cargos no governo e o
federalismo, que daria maior autonomia às regiões (logo, dificultaria o acesso dos sunitas, que dominam regiões sem campos de
petróleo, à principal fonte de riqueza do país).
Com o acordo, as autoridades
dos EUA e do Iraque, que vêem
nos sunitas os principais responsáveis pela violência no país, esperam melhorar a segurança.
Ontem, um ataque com carro-bomba que visou um mercado lotado em Tal Afar (noroeste) matou 30 civis e feriu pelo menos 45.
Foi o segundo atentado do tipo na
cidade, que fica perto da fronteira
com a Síria, desde que os EUA
lançaram ali uma extensa ofensiva militar em agosto, na qual dizem ter matado 200 insurgentes.
Em Bagdá, um carro-bomba
atingiu uma barreira do Exército
iraquiano e matou oito soldados e
um civil. Ainda na capital, duas
policiais, quatro civis e um soldado iraquiano foram mortos em
diferentes tiroteios. Outro policial
e um civil morreram na explosão
de uma bomba.
Em Mossul, uma terrorista suicida detonou um carro perto de
uma patrulha americana, no primeiro atentado com carro-bomba de que se tem notícia executado por uma mulher no país. A polícia não tinha informações sobre
vítimas. Em Kirkuk, dois policiais
foram mortos a tiros.
Em uma carta divulgada pela
Inteligência dos EUA, o segundo
homem no comando da Al Qaeda, Ayaman al Zawahri, afirma
que a rede terrorista no Iraque deve estar pronta para que um governo islâmico assuma o país
quando os americanos partirem.
O Pentágono não disse como obteve a carta.
Petróleo por comida
Um ex-embaixador da França
na ONU, Jean-Bernard Merimée,
68, foi preso por medida preventiva dentro das investigações sobre
a corrupção no programa de troca Petróleo por Comida, que vigorou sob controle da ONU nos 12
anos de sanções contra o regime
de Saddam. Os investigadores
suspeitam que Merimée tenha tirado partido do programa.
Com agências internacionais
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