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Avião se choca em prédio e assusta NY
Colisão acidental, provavelmente causada por falha técnica, deixou dois mortos; cidade chegou a acionar alerta de terror
Piloto da aeronave, uma das vítimas, era jogador do time de beisebol NY Yankees e só tinha brevê há um ano; área
foi isolada pela polícia local
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE NOVA YORK
Foi um susto. Uma aeronave
de pequeno porte chocou-se na
tarde de ontem contra um edifício residencial de 50 andares
na rua 72, no Upper East Side,
um dos bairros de classe média
alta mais caros de Manhattan.
O acidente causou alerta de terrorismo na cidade. Era dia 11,
exatamente um mês depois do
quinto aniversário dos atentados em que dois Boeings derrubaram o World Trade Center. O
cenário era parecido: prédio
atingido por um avião, fogo, fumaça, pedaços da construção
caindo sobre a calçada, corpos e
pessoas correndo.
Pouco depois do choque, a
Casa Branca disse que não descartava nenhuma possibilidade, e caças da Força Aérea sobrevoaram as principais cidades dos EUA "por precaução".
Mas o pânico não passou de
um susto. O alerta de emergência de um monomotor modelo
Cirrus SR-20, pilotado pelo jogador de beisebol Cory Lidle,
34, do New York Yankees, derrubou a hipótese de terror.
Por volta das 14h40 (15h40
em Brasília), Lidle havia informado ao controle em terra que
estava com problemas no tanque de combustível. Momentos
depois o avião, cuja inscrição
estava no nome de Lidle, atingiu o condomínio Belaire na altura do 40º andar. O jogador tinha brevê de piloto havia um
ano. As causas do acidente ainda são desconhecidas, mas testemunhas informaram à Folha
que o avião voava a baixa altitude e parecia desgovernado.
O fogo se espalhou por dois
apartamentos, chamuscou cinco andares para cima e para
baixo e rompeu janelas.
Em entrevista coletiva na
milionária casa de leilões Sotheby's, vizinha ao prédio, o
prefeito Michael Bloomberg
confirmou duas mortes e descartou ato terrorista.
"Dois corpos foram encontrados carbonizados na rua.
Não há vítimas no prédio", disse Bloomberg. O passaporte de
Lidle foi achado na calçada e
ele foi identificado como um
dos mortos. A outra vítima,
aparentemente uma mulher,
não havia sido identificada até
a conclusão desta edição.
Testemunhas relataram à
Folha ter ouvido forte barulho
de explosão, seguido de pequeno tremor. Pedaços de vidro e
escombros se espalharam pelas
ruas vizinhas. Parte do combustível do avião vazou após o
choque, gerando focos de incêndio em ruas próximas ao
edifício, que fica a apenas 13
quadras da sede da ONU.
Dezenas de quadras foram
isoladas. Moradores da região e
um hospital ao lado do condomínio foram retirados. O tráfego ficou congestionado por toda a tarde. Construído na década de 80, o Belaire tem 183
apartamentos. Cada um vale
em média US$ 1 milhão.
A reportagem contou 40 carros de bombeiro e 52 ambulâncias. Dezenas de agentes do
FBI, a polícia federal americana, contribuíram com a investigação. "Parecia um trovão, senti a mesa tremer e corri para janela. Desci pela escada de
emergência, pensei que tinha
sido uma explosão de gás. Já
são 18h e a polícia não me deixa
voltar para casa", disse Nancy
Poulis, 64, moradora do prédio.
O pânico nas ruas de Manhattan deu lugar à curiosidade. Pessoas se amontoavam em
frente a lojas com TV para saber do que se tratava. O episódio de ontem lembrou o desmoronamento por explosão a
gás de um edifício de quatro andares no mesmo Upper East Side, no final de julho.
Acidentes de helicóptero são
comuns na ilha de Manhattan.
Em junho de 2005, uma aeronave caiu no East River, a poucos quarteirões da sede da
ONU, sem deixar feridos. Três
dias antes, um segundo helicóptero que levava seis turistas
estrangeiros para um sobrevôo
também caiu na mesma região,
poucos minutos depois de decolar. Quatro passageiros saíram feridos.
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