São Paulo, quinta-feira, 12 de outubro de 2006

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Japão impõe embargo comercial a Pyongyang

DA REDAÇÃO

Antes mesmo que o Conselho de Segurança decidisse a extensão das sanções que a comunidade internacional deverá impor à Coréia do Norte, o Japão decidiu ontem, unilateralmente, romper os poucos vínculos econômicos que ainda mantinha com aquele país.
O governo do novo primeiro-ministro, Shinzo Abe, suprimiu toda forma de comércio com os norte-coreanos, proibiu que embarcações daquele país atraquem em seus portos e limitou de modo draconiano a entrada em território japonês de cidadãos norte-coreanos.
Esse conjunto de medidas é válido por seis meses e poderá ser prorrogado.
"Não podemos tolerar as decisões tomadas pela Coréia do Norte, porque precisamos proteger a vida e os bens dos cidadãos japoneses", disse ontem o premiê em reunião em reunião do Conselho de Ministros.
Pesquisa publicada ontem pelo "Asahi Shimbun" revela que 82% dos japoneses consideram a Coréia do Norte uma "ameaça". Para se proteger contra ela, 83% apoiaram a recente visita do premiê à China e à Coréia do Sul.
O Japão, embora não seja membro permanente do Conselho de Segurança, preside em outubro aquele colegiado de 15 países. Tóquio, disseram diplomatas locais, pretendeu dar o exemplo às sanções "duras" que o conselho deveria adotar.
Os produtos norte-coreanos representaram apenas 0,2% das importações do Japão no ano passado. Mas a Coréia do Norte perdeu um mercado em que escoava 15% de suas exportações. O Japão era seu terceiro parceiro comercial, depois da China e da Coréia do Sul.
Pelas estatísticas japonesas, as importações da Coréia do Norte somaram US$ 133 milhões em 2005, sobretudo peixes, carvão e outras matérias primas. Autoridades portuárias aguardavam instruções para expulsar seis barcos norte-coreanos que descarregavam cogumelos num porto japonês.
A emissora pública de TV, NHK, disse que 18 outros barcos norte-coreanos estavam atracados em outros portos, mas os estivadores, em protesto contra o teste nuclear, se recusavam desde segunda-feira a descarregá-los.
Em julho último, Tóquio já havia imposto um primeiro embargo à Coréia do Norte - com a qual não tem relações diplomáticas- em razão dos sete testes de mísseis que o pequeno país comunista efetuou. Os mísseis são para o Japão um pesado trauma desde 1998, quando um desses artefatos cruzou o território japonês, antes de se espatifar no Pacífico.
Há três meses, nessa primeira etapa de sanções, o Japão suspendeu parcialmente a venda de alimentos para o mercado norte-coreano.
As autoridades monetárias japonesas também submeteram ao controle oficial toda movimentação de fundos direcionados a Pyongyang, o que afetou os numerosos trabalhadores norte-coreanos emigrados no arquipélago.
Com as medidas adotadas ontem, dizem especialistas, a Coréia do Norte perdeu sua fonte de ienes, a moeda de maior convertibilidade que utilizava em suas transações comerciais externas.
A União Européia lançou ontem um apelo para que as sanções contra o pequeno país comunista não prejudiquem sua população, dramaticamente afetada em meados da década de 90 pela quebra da safra agrícola e pelas deficiências do planejamento de uma economia centralizada e ineficaz. Na época, 2 milhões de pessoas morreram de fome. Ainda hoje, um terço das crianças são subnutridas, segundo dados da ONU.
Com agências internacionais


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