|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Japão impõe embargo comercial a Pyongyang
DA REDAÇÃO
Antes mesmo que o Conselho de Segurança decidisse a
extensão das sanções que a comunidade internacional deverá impor à Coréia do Norte, o
Japão decidiu ontem, unilateralmente, romper os poucos
vínculos econômicos que ainda
mantinha com aquele país.
O governo do novo primeiro-ministro, Shinzo Abe, suprimiu
toda forma de comércio com os
norte-coreanos, proibiu que
embarcações daquele país atraquem em seus portos e limitou
de modo draconiano a entrada
em território japonês de cidadãos norte-coreanos.
Esse conjunto de medidas é
válido por seis meses e poderá
ser prorrogado.
"Não podemos tolerar as decisões tomadas pela Coréia do
Norte, porque precisamos proteger a vida e os bens dos cidadãos japoneses", disse ontem o
premiê em reunião em reunião
do Conselho de Ministros.
Pesquisa publicada ontem
pelo "Asahi Shimbun" revela
que 82% dos japoneses consideram a Coréia do Norte uma
"ameaça". Para se proteger
contra ela, 83% apoiaram a recente visita do premiê à China e
à Coréia do Sul.
O Japão, embora não seja
membro permanente do Conselho de Segurança, preside em
outubro aquele colegiado de 15
países. Tóquio, disseram diplomatas locais, pretendeu dar o
exemplo às sanções "duras"
que o conselho deveria adotar.
Os produtos norte-coreanos
representaram apenas 0,2%
das importações do Japão no
ano passado. Mas a Coréia do
Norte perdeu um mercado em
que escoava 15% de suas exportações. O Japão era seu terceiro
parceiro comercial, depois da
China e da Coréia do Sul.
Pelas estatísticas japonesas,
as importações da Coréia do
Norte somaram US$ 133 milhões em 2005, sobretudo peixes, carvão e outras matérias
primas. Autoridades portuárias
aguardavam instruções para
expulsar seis barcos norte-coreanos que descarregavam cogumelos num porto japonês.
A emissora pública de TV,
NHK, disse que 18 outros barcos norte-coreanos estavam
atracados em outros portos,
mas os estivadores, em protesto contra o teste nuclear, se recusavam desde segunda-feira a
descarregá-los.
Em julho último, Tóquio já
havia imposto um primeiro
embargo à Coréia do Norte -
com a qual não tem relações diplomáticas- em razão dos sete
testes de mísseis que o pequeno
país comunista efetuou. Os
mísseis são para o Japão um
pesado trauma desde 1998,
quando um desses artefatos
cruzou o território japonês, antes de se espatifar no Pacífico.
Há três meses, nessa primeira etapa de sanções, o Japão
suspendeu parcialmente a venda de alimentos para o mercado
norte-coreano.
As autoridades monetárias
japonesas também submeteram ao controle oficial toda
movimentação de fundos direcionados a Pyongyang, o que
afetou os numerosos trabalhadores norte-coreanos emigrados no arquipélago.
Com as medidas adotadas
ontem, dizem especialistas, a
Coréia do Norte perdeu sua
fonte de ienes, a moeda de
maior convertibilidade que utilizava em suas transações comerciais externas.
A União Européia lançou ontem um apelo para que as sanções contra o pequeno país comunista não prejudiquem sua
população, dramaticamente
afetada em meados da década
de 90 pela quebra da safra agrícola e pelas deficiências do planejamento de uma economia
centralizada e ineficaz. Na época, 2 milhões de pessoas morreram de fome. Ainda hoje, um
terço das crianças são subnutridas, segundo dados da ONU.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Análise: Bomba garante ao Japão aliados instantâneos Próximo Texto: Avião se choca em prédio e assusta NY Índice
|