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Parlamento aprova criação de zonas federativas
DA REDAÇÃO
Em uma sessão boicotada pela coalizão árabe-sunita e por
dois partidos árabe-xiitas, o
Parlamento iraquiano aprovou
ontem uma lei que permitirá a
formação de regiões federativas no país, acirrando tensões
sectárias. Como concessão à
minoria sunita, no entanto, as
regiões semiautônomas só serão formadas a partir de 2008.
O federalismo está na Constituição promulgada no ano
passado e referendada em plebiscito pela maior parte das
Províncias do Iraque, mas grupos árabe-sunitas vinham tentando reverter a medida.
O principal argumento é o de
que a concessão de maior autonomia às regiões agravaria as
tensões sectárias no país, que já
vive um quadro praticamente
de guerra civil. No mês passado,
segundo dados divulgados ontem pelo Ministério da Saúde,
2.660 civis morreram de forma
violenta -400 a mais do que
em agosto, um aparente reflexo
da ação de esquadrões da morte
que se tornam cada vez mais
comuns no país.
Outra questão crucial para a
minoria árabe-sunita é o acesso
à receita do petróleo, principal
riqueza do país e cujos campos
de produção se concentram no
norte -dominado pelos curdos- e no sul -onde os árabes
xiitas são maioria absoluta. A
Constituição de 2005 não deixa
claro como seriam distribuídos
os recursos sob um Estado federalista, citando apenas a
maior autonomia regional na
gestão de suas receitas.
A coalizão sunita e dois partidos xiitas nacionalistas boicotaram a sessão de ontem no
Parlamento, no intuito de impedir que a Casa chegasse ao
quórum mínimo de 50% para a
votação. Mas os 140 legisladores presentes, de partidos xiitas
e curdos, aprovaram por unanimidade todos os cerca de 200
pontos do projeto.
"É o início de um plano para
dividir o Iraque", disse Adnan
al Dulaimi, líder da Frente Sunita pelo Acordo Nacional. "Esperávamos que o problema da
violência sectária fosse resolvido." Os xiitas, por sua vez, afirmaram que a lei seria um "fator
de união contra os inimigos do
Iraque".
A lei aprovada ontem determina que um terço dos legisladores de uma determinada
Província interessada em pertencer a uma região semiautônoma reivindique um referendo sobre a possibilidade de adesão. Um acordo fechado no mês
passado com os partidos sunitas determina que o processo
só poderá ser iniciado após 18
meses, e que reformas constitucionais sejam discutidas.
Com agências internacionais
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