São Paulo, terça-feira, 12 de novembro de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Moradores do kibutz Metzer, onde terrorista matou 5, são exemplo de convivência entre israelenses e palestinos

Ataque fere símbolo da paz árabe-israelense

MARCELO STAROBINAS
DA REDAÇÃO

A ação terrorista que deixou anteontem cinco mortos no kibutz Metzer, perto da fronteira de Israel com a Cisjordânia, atingiu um símbolo da coexistência pacífica entre árabes e israelenses.
O atentado, reivindicado pelas Brigadas do Mártires de Al Aqsa, foi condenado ontem pelo Fatah -partido de Iasser Arafat, que possui ligações com as Brigadas.
Fundada há cerca de 50 anos por imigrantes judeus argentinos, a comunidade agrícola é composta sobretudo por ativistas de esquerda que militam pela paz.
"Acreditamos que o ataque tenha sido feito de propósito para destruir a idéia de que árabes e judeus podem viver em boa vizinhança", disse à Folha, por telefone, o uruguaio Dov Avital, morador do Metzer e um dos diretores do movimento dos kibutzim.
"Espero que tenhamos força para seguir com essa convivência e que não deixemos que um grupo terrorista destrua isso", afirmou. "Isso não quer dizer que teremos uma relação cordial nos próximos dias. Isso será difícil, até que saibamos de onde veio o terrorista."
Armado com uma metralhadora, o terrorista matou duas crianças, de quatro e cinco anos, e a mãe delas, no momento em que ela contava histórias para fazê-las dormir. Ele escapou sem ferimentos e ainda não foi encontrado.
Além de empregar árabes-israelenses das cercanias em seus campos, os habitantes do kibutz têm enfrentado o governo israelense nas últimas semanas na tentativa de evitar que a construção de um muro de proteção separando o kibutz da Cisjordânia prejudique os camponeses palestinos do vilarejo de Kefin.
"O Exército queria separar os palestinos de seus campos de oliveiras e não deixá-los trabalhar", contou Avital. "Pedimos que a cerca fosse erguida sobre a fronteira internacional e que, de um lado, fiquem os judeus com os seus campos e, de outro, os palestinos com os seus campos."
Ao visitar o kibutz ontem para prestar condolências, o premiê de Israel, Ariel Sharon, voltou a escutar dos moradores pedidos para que respeite o direito dos palestinos de trabalhar em suas terras.
Dezenas de árabes-israelenses também compareceram ontem ao enterro das cinco vítimas do atentado ao kibutz.
"Nós e nossos vizinhos árabes estamos convencidos de que o futuro é conjunto", declarou Avital. "Os árabes não vão conseguir expulsar os judeus ou vice-versa. Temos de aprender a viver em paz. Essa é á única solução."


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