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ORIENTE MÉDIO
Moradores do kibutz Metzer, onde terrorista matou 5, são exemplo de convivência entre israelenses e palestinos
Ataque fere símbolo da paz árabe-israelense
MARCELO STAROBINAS
DA REDAÇÃO
A ação terrorista que deixou anteontem cinco mortos no kibutz
Metzer, perto da fronteira de Israel com a Cisjordânia, atingiu
um símbolo da coexistência pacífica entre árabes e israelenses.
O atentado, reivindicado pelas
Brigadas do Mártires de Al Aqsa,
foi condenado ontem pelo Fatah
-partido de Iasser Arafat, que
possui ligações com as Brigadas.
Fundada há cerca de 50 anos
por imigrantes judeus argentinos,
a comunidade agrícola é composta sobretudo por ativistas de esquerda que militam pela paz.
"Acreditamos que o ataque tenha sido feito de propósito para
destruir a idéia de que árabes e judeus podem viver em boa vizinhança", disse à Folha, por telefone, o uruguaio Dov Avital, morador do Metzer e um dos diretores
do movimento dos kibutzim.
"Espero que tenhamos força para seguir com essa convivência e
que não deixemos que um grupo
terrorista destrua isso", afirmou.
"Isso não quer dizer que teremos
uma relação cordial nos próximos
dias. Isso será difícil, até que saibamos de onde veio o terrorista."
Armado com uma metralhadora, o terrorista matou duas crianças, de quatro e cinco anos, e a
mãe delas, no momento em que
ela contava histórias para fazê-las
dormir. Ele escapou sem ferimentos e ainda não foi encontrado.
Além de empregar árabes-israelenses das cercanias em seus campos, os habitantes do kibutz têm
enfrentado o governo israelense
nas últimas semanas na tentativa
de evitar que a construção de um
muro de proteção separando o kibutz da Cisjordânia prejudique os
camponeses palestinos do vilarejo de Kefin.
"O Exército queria separar os
palestinos de seus campos de oliveiras e não deixá-los trabalhar",
contou Avital. "Pedimos que a
cerca fosse erguida sobre a fronteira internacional e que, de um
lado, fiquem os judeus com os
seus campos e, de outro, os palestinos com os seus campos."
Ao visitar o kibutz ontem para
prestar condolências, o premiê de
Israel, Ariel Sharon, voltou a escutar dos moradores pedidos para
que respeite o direito dos palestinos de trabalhar em suas terras.
Dezenas de árabes-israelenses
também compareceram ontem
ao enterro das cinco vítimas do
atentado ao kibutz.
"Nós e nossos vizinhos árabes
estamos convencidos de que o futuro é conjunto", declarou Avital.
"Os árabes não vão conseguir expulsar os judeus ou vice-versa.
Temos de aprender a viver em
paz. Essa é á única solução."
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