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EUA vetam medida que puniria Israel
A resolução, apresentada no Conselho de Segurança da ONU, continha críticas à ação israelense em Gaza e à morte de civis palestinos
Para o embaixador norte-americano John Bolton, o documento
era contrário a Israel e politicamente motivado
WARREN HOGE
DO "NEW YORK TIMES"
Os Estados Unidos vetaram
ontem uma resolução no Conselho de Segurança da ONU
que condenaria Israel por suas
ações militarem empreendidas
em Gaza e ainda clamava pela
retirada das forças israelenses
da região.
O embaixador norte-americano na ONU, John Bolton, disse ao Conselho que a resolução
"não apresenta uma caracterização fiel dos recentes eventos
ocorridos em Gaza nem contribui para trazer a paz entre palestinos e israelenses".
A resolução, apresentada pelo Qatar, o único país árabe representado no Conselho, foi
discutida durante dois dias, numa tentativa de adaptá-la para
que se tornasse mais equilibrada. Mas, segundo Bolton, o documento permaneceu "contrário a Israel e politicamente motivado".
Na votação, quatro países se
abstiveram: Reino Unido, Dinamarca, Japão e Eslováquia.
Os dez votos favoráveis partiram de Argentina, China, Congo França, Gana, Grécia, Peru,
Rússia, Qatar e Tanzânia.
A proposta original mencionava os ataques palestinos em
Beit Hanoun, ocorridos na última quarta-feira, quando a artilharia israelense matou 18 civis
palestinos.
Uma nova linguagem foi adotada, condenando o lançamento de mísseis de Gaza a Israel e
chamando a Autoridade Palestina a tomar medidas imediatas
para conter o conflito. Mas a resolução se manteve em silêncio
sobre quem ou quais grupos seriam responsáveis pelos ataques a Israel. Entre outras alterações, foram inseridas referências à violência "indiscriminada", que se tornou "desproporcional", publicadas defendendo as generalizadas "operações militares".
Outro item propunha que
um observador da ONU fosse
enviado para a área para monitorar o cessar-fogo, mas foi
substituído por uma linguagem
que a França caracterizou como "criação de um mecanismo
internacional de proteção de
civis". Bolton afirmou que os
EUA consideraram a proposta
"uma promessa pouco sábia,
desnecessária e criadora de falsas esperanças".
A resolução foi votada ontem
por solicitação do secretário-geral da ONU Kofi Annan, que
ordenou uma investigação dos
ataques ocorridos na última
quarta-feira, cujos resultados
devem ser divulgados em 30
dias. Annan também pediu a
colaboração do quarteto ONU,
União Européia, Rússia e EUA
para a obtenção de paz na região. Israel se desculpou pelas
mortes em Beit Hanoun, culpando um "erro técnico",
anunciou que fará a sua própria
investigação do episódio e disse
que tentará impedir o lançamento de foguetes de Gaza.
Os EUA, que tradicionalmente vetam resoluções contrárias a Israel, já haviam bloqueado, em junho, uma resolução do Conselho de Segurança
que pedia a suspensão de uma
ofensiva israelense em Gaza. O
veto de ontem foi a quarta vez
em três anos que Washington
adotou essa postura.
Abbas
Após semanas de negociações, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, declarou ontem
que pretende anunciar até o
fim deste mês um governo de
coalizão entre seu partido, o
Fatah, e o Hamas. A expectativa
é que, com um novo gabinete,
EUA e União Européia suspendam o embargo econômico imposto contra os territórios palestinos com a chegada ao poder do Hamas, grupo classificado como terrorista por Washington e Bruxelas, nas eleições legislativas de janeiro.
"Fizemos grande progresso
em direção a um governo de
unidade que possa pôr fim ao
cerco e abrir caminho para um
acordo político que acabe para
sempre com a ocupação", declarou Abbas durante o discurso em Ramallah (Cisjordânia)
que marcou o segundo aniversário de Iasser Arafat.
Os EUA e a União Européia
congelaram a ajuda financeira
aos palestinos quando o Hamas
assumiu o gabinete, sob condição de retomá-la apenas se o
grupo abdicasse da violência e
reconhecesse o Estado judeu
Com agências internacionais
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