São Paulo, domingo, 12 de novembro de 2006

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EUA vetam medida que puniria Israel

A resolução, apresentada no Conselho de Segurança da ONU, continha críticas à ação israelense em Gaza e à morte de civis palestinos

Para o embaixador norte-americano John Bolton, o documento era contrário a Israel e politicamente motivado


WARREN HOGE
DO "NEW YORK TIMES"

Os Estados Unidos vetaram ontem uma resolução no Conselho de Segurança da ONU que condenaria Israel por suas ações militarem empreendidas em Gaza e ainda clamava pela retirada das forças israelenses da região.
O embaixador norte-americano na ONU, John Bolton, disse ao Conselho que a resolução "não apresenta uma caracterização fiel dos recentes eventos ocorridos em Gaza nem contribui para trazer a paz entre palestinos e israelenses".
A resolução, apresentada pelo Qatar, o único país árabe representado no Conselho, foi discutida durante dois dias, numa tentativa de adaptá-la para que se tornasse mais equilibrada. Mas, segundo Bolton, o documento permaneceu "contrário a Israel e politicamente motivado".
Na votação, quatro países se abstiveram: Reino Unido, Dinamarca, Japão e Eslováquia. Os dez votos favoráveis partiram de Argentina, China, Congo França, Gana, Grécia, Peru, Rússia, Qatar e Tanzânia.
A proposta original mencionava os ataques palestinos em Beit Hanoun, ocorridos na última quarta-feira, quando a artilharia israelense matou 18 civis palestinos.
Uma nova linguagem foi adotada, condenando o lançamento de mísseis de Gaza a Israel e chamando a Autoridade Palestina a tomar medidas imediatas para conter o conflito. Mas a resolução se manteve em silêncio sobre quem ou quais grupos seriam responsáveis pelos ataques a Israel. Entre outras alterações, foram inseridas referências à violência "indiscriminada", que se tornou "desproporcional", publicadas defendendo as generalizadas "operações militares".
Outro item propunha que um observador da ONU fosse enviado para a área para monitorar o cessar-fogo, mas foi substituído por uma linguagem que a França caracterizou como "criação de um mecanismo internacional de proteção de civis". Bolton afirmou que os EUA consideraram a proposta "uma promessa pouco sábia, desnecessária e criadora de falsas esperanças".
A resolução foi votada ontem por solicitação do secretário-geral da ONU Kofi Annan, que ordenou uma investigação dos ataques ocorridos na última quarta-feira, cujos resultados devem ser divulgados em 30 dias. Annan também pediu a colaboração do quarteto ONU, União Européia, Rússia e EUA para a obtenção de paz na região. Israel se desculpou pelas mortes em Beit Hanoun, culpando um "erro técnico", anunciou que fará a sua própria investigação do episódio e disse que tentará impedir o lançamento de foguetes de Gaza.
Os EUA, que tradicionalmente vetam resoluções contrárias a Israel, já haviam bloqueado, em junho, uma resolução do Conselho de Segurança que pedia a suspensão de uma ofensiva israelense em Gaza. O veto de ontem foi a quarta vez em três anos que Washington adotou essa postura.

Abbas
Após semanas de negociações, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, declarou ontem que pretende anunciar até o fim deste mês um governo de coalizão entre seu partido, o Fatah, e o Hamas. A expectativa é que, com um novo gabinete, EUA e União Européia suspendam o embargo econômico imposto contra os territórios palestinos com a chegada ao poder do Hamas, grupo classificado como terrorista por Washington e Bruxelas, nas eleições legislativas de janeiro.
"Fizemos grande progresso em direção a um governo de unidade que possa pôr fim ao cerco e abrir caminho para um acordo político que acabe para sempre com a ocupação", declarou Abbas durante o discurso em Ramallah (Cisjordânia) que marcou o segundo aniversário de Iasser Arafat.
Os EUA e a União Européia congelaram a ajuda financeira aos palestinos quando o Hamas assumiu o gabinete, sob condição de retomá-la apenas se o grupo abdicasse da violência e reconhecesse o Estado judeu


Com agências internacionais

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