São Paulo, quinta-feira, 12 de dezembro de 2002

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PROJETO

Presidente deverá vetar

Deputados uruguaios descriminam o aborto

DA REDAÇÃO

A Câmara dos Deputados do Uruguai aprovou a descriminação do aborto e provocou polêmica em um país com forte tradição católica.
A aprovação foi obtida por 47 votos a favor e 40 contra, com 12 abstenções, após uma discussão acirrada da qual participaram dezenas de deputados e que se prolongou por seis sessões.
O projeto ainda precisa ser aprovado pelo Senado, onde se antecipa que sua sanção será difícil, e posteriormente, se for aprovado, passaria para o Poder Executivo, embora o presidente Jorge Battle tenha declarado que vetará a iniciativa.
Após a aprovação de ontem, o bispo católico de San José, Pablo Galimberti, criticou os deputados que votaram a favor do projeto porque, em sua opinião, ele "tende a eliminar vidas".
Já a socióloga Nea Filgueira, do Grupo de Estudos da Situação da Mulher, comemorou a iniciativa, pois, para ela, trata-se de "um assunto de bem-estar geral".
"Nós, mulheres, trabalhamos bem porque nossa argumentação foi séria e bem fundamentada. E não falamos sempre da mesma forma, como fizeram aqueles que são contrários à descriminação", afirmou Filgueira.
"Embora haja vida desde o momento da concepção, se deixarmos o Código Penal como está eu não sei se ele fará algo para salvar ou para defender a vida de alguém", disse o deputado e médico José Bayardi, de esquerda, ao defender a proposta.
O diário "El Observador", de orientação católica, disse que a Câmara "escreveu ontem [terça-feira] uma das páginas mais negras de sua história", por causa da "monstruosidade de legalizar a morte de um filho por livre decisão da mãe".
A maioria dos países da América Latina condena a prática do aborto, a não ser quando a mulher sofre estupro ou quando sua vida corre perigo.


Com agências internacionais


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