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Iraque tem proliferação de pequenos grupos políticos
KAREN MARÓN
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE BAGDÁ
Parece distante o tempo em que
os partidos políticos iraquianos
eram só uma fachada usada pelo
regime de Saddam Hussein para
melhor reinar sobre o país.
Apesar da intervenção militar
anglo-americana, da crise humanitária, da violação dos direitos
humanos, da insegurança, da falta
de água e de eletricidade, das
bombas e dos jogos dos dirigentes
iraquianos controlados pela coalizão, a ambição democrática é um
sonho que toma corpo.
Não menos que 200 grupos e
entidades políticas e étnicas criaram sites na eleição. A maioria
desses movimentos apareceu na
cena política nacional desde o ano
passado, com as perspectiva das
eleições parlamentares que acontecerão no dia 15 próximo e competirão para obter uma parcela
das 275 cadeiras da Câmara, dominada pelos xiitas e pelos curdos. Desde o Sol do Iraque, encabeçado por Taufik Yaliaseri, passando pelo Diálogo Nacional Iraquiano, slogans e anúncios dizem
a mesma coisa. Socialistas, comunistas, monárquicos, curdos, xiitas, islâmicos, sunitas e liberais
defendem o mesmo como profecia divina: "igualdade, democracia e liberdade".
Entre eles está a Aliança Nacional Iraquiana, fundada em 1991
em total clandestinidade, e que
considera ter hoje 200 mil membros. Seus líderes sempre apostaram nestas eleições. Oriundos de
Kirkuk, Kerbala, Nassiryia e Mossul, querem mudanças. "A situação é caótica. Não há governo,
nem lei, nem segurança no Iraque. Em uma guerra e em dois
anos e meio de ocupação, os norte-americanos conseguiram destruir este país", protesta Mohammed, antigo general do serviço de
contra-espionagem de Saddam e
hoje membro ativo do partido.
Enquanto são favoráveis ao
princípio do uso de uma força
multinacional sob mandato da
ONU, os membros do partido
não aceitam que se fale em "guerra civil" ou "divisão do país". Se
alguém evoca esse tema, Al Jaburi
toma a palavra: "Os muçulmanos
sempre viveram juntos e continuarão assim. Essa tese norte-americana não tem fundamento".
A democracia e seus valores são
uma esperança de renovação para
eles. A imensidão da obra não lhes
dá medo, não mais que os atentados. O que os membros da Aliança Nacional iraquiana temem é
uma escalada do islamismo que
seria, dizem, a conseqüência direta de "uma política selvagem de
colonização." Al Jaburi diz que,
para realizar a pacificação, os estrangeiros têm de deixar de meter
o nariz nos assuntos do Iraque.
A argentina Karen Marón é especializada
na cobertura de conflitos armados, como
na Colômbia e no Oriente Médio
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