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Annan critica Bush em seu discurso final
Secretário-geral, que termina mandato no fim do ano, pede fidelidade a "princípios norte-americanos"
DA REDAÇÃO
O último discurso do secretário-geral da Organização das
Nações Unidas (ONU), Kofi
Annan, foi marcado por críticas
à administração do presidente
americano George W. Bush e a
sua política externa unilateral.
"Nenhum país pode garantir
sua segurança tentando dominar os outros. Todos compartilhamos da responsabilidade de
garantir a segurança", disse Annan, ontem, em cerimônia realizada na Biblioteca Presidencial Harry Truman, em Independence, no estado norte-americano de Missouri.
Annan, que deixará seu posto
no próximo dia 31, após dez
anos à frente da ONU, lembrou
que os EUA sempre foram líderes de movimentos de direitos
humanos e que "essa liderança
só pode ser mantida se o país
permanecer fiel a seus princípios, incluindo a luta contra o
terrorismo". Entretanto, "se
um país desrespeita ou abandona seus próprios ideais e princípios, seus colegas no exterior ficam naturalmente incomodados e confusos".
Em seu discurso, Annan ainda defendeu o multilateralismo
para resolver problemas internacionais e mandou um recado
a Bush, sem citá-lo sequer uma
vez: "O que estou dizendo é
que, quando os EUA trabalham
com outros países de uma forma multilateral, o resultado é
muito bom".
Reforma do Conselho
Ele também disse ser importante a reforma do Conselho de
Segurança, "que ainda reflete a
realidade de 1945". Sua sugestão é incluir novos membros
permanentes.
Segundo reportou o jornal
americano "USA Today", discursos de despedida não costumam ser duros contra os EUA.
"Nas seis décadas de história da
ONU, nenhum secretário-geral
terminou seu mandato criticando as políticas norte-americanas", disse Stanley Meisler,
autor da mais recente biografia
de Annan.
Mas isso não inibiu Kofi Annan que, ao assumir o cargo, em
1997, tinha o apoio dos EUA. As
desavenças, entretanto, começaram em 2003, quando Bush
ordenou a invasão do Iraque,
sem o aval do Conselho de Segurança da ONU. Desde então,
Annan é um forte crítico da política externa norte-americana.
Após o pronunciamento, Annan respondeu a algumas perguntas, entre elas, sobre o documento divulgado na semana
passada pelo Grupo de Estudos
do Iraque, elaborado por congressistas e especialistas do
Partido Republicano e do Partido Democrata.
Segundo Annan, o texto foi
esclarecedor para muitos assuntos, mas a prioridade deve
ser encontrar uma forma para
resolver os problemas iraquianos, com o apoio da Síria e do
Irã ."Nós precisamos ser tão
ativos no campo político como
somos no campo militar."
A Biblioteca Truman foi escolhida a dedo para o último
discurso. O gesto foi para homenagear o ex-presidente
americano Harry Truman, que,
segundo Annan, "foi um pioneiro por contribuir com o surgimento da ONU". Foi durante
o seu governo -após o fim da
Segunda Guerra- que a ONU
foi criada. O próximo secretário-geral será Ban Ki Moon,
atual chanceler sul-coreano.
Sua posse está marcada para 1º
de janeiro de 2007 .
Com agências internacionais
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