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"Acadêmicos" negam no Irã Holocausto de judeus
Encontro foi idéia do presidente Ahmadinejad
DA REDAÇÃO
O governo iraniano abriu ontem uma "conferência acadêmica" de dois dias para tentar
provar que não houve genocídio de judeus durante a Segunda Guerra Mundial.
O presidente Mahmoud Ahmadinejad, idealizador do encontro, há meses qualificou o
Holocausto de "mito" e afirmou que Israel deveria "ser
varrido do mapa".
Organizado por uma instituição ligada ao Ministério das Relações Exteriores, o encontro
conta com a participação de 67
supostos especialistas.
Um deles é o australiano Frederick Toben, professor secundário aposentado que já cumpriu pena de nove meses de prisão, na Alemanha, por exortação ao racismo.
Da conferência também participa David Duke, que pertence à hoje decadente organização racista americana Ku Klux
Klan, e o francês Robert Faurisson, autor de uma tese segundo a qual os nazistas não tinham tecnologia suficiente para construir câmaras de gás em
campos de concentração.
São representantes da chamada corrente revisionista da
história, que procura dar uma
certa legitimidade ao nazismo.
Estão igualmente presentes
dois rabinos de um grupo ortodoxo denominado Judeus Unidos contra o Sionismo. Eles não
negam o Holocausto, mas se
opõem ao Estado de Israel.
Moris Motamed, o único deputado judeu no Parlamento
iraniano, qualificou o encontro
de "um imenso insulto".
O governo do Irã negou visto
a Khaled Mahameed, árabe e
cidadão israelense e diretor de
um museu sobre o Holocausto
em Nazaré, em Israel.
O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, qualificou
a conferência iraniana de uma
iniciativa "nauseante". Em carta a Ahmadinejad, o presidente
do Parlamento alemão, Norbert Lammert, afirmou condenar "essa tentativa de fazer propaganda anti-semita debaixo
do pretexto de liberdade científica e objetividade".
O chefe da diplomacia iraniana, Manouchehr Mottaki, defendeu em discurso o seguinte
raciocínio: se o Holocausto não
for confirmado, não teriam
existido motivos para a criação
de Israel; mas se ele for confirmado, os palestinos não devem
pagar o preço por um genocídio
cometido por Hitler. Nenhuma
das alternativas justificaria o
reconhecimento dos direitos
de Israel à a existência.
O Memorial do Holocausto,
em Israel, divulgou declaração
em que qualificou o encontro
em Teerã de uma tentativa de
"pintar uma pauta extremista
com um lustro acadêmico".
O escritor e pacifista israelense Amos Oz qualificou a iniciativa de "uma piada doentia"
que deve receber reações de repulsa no plano mundial.
A "conferência" coincide
com um encontro acadêmico
sobre o mesmo tema em Berlim. Um de seus participantes,
Wolfgang Benz, afirmou que "é
algo político que não tem nada
a ver com a história". O ex-presidente de uma associação judaica australiana, Jeremy Jones, disse tratar-se de "obscena
propaganda anti-semita".
Protestos
Em ato sem relação com a
"conferência", estudantes da
Universidade Amir Kabir vaiaram ontem o presidente Amadinejad, queimaram seu retrato e o chamaram de ditador.
Com agências internacionais
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