São Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 2006

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Filhos de oficial palestino, de 3, 6 e 9, são assassinados

Crime aumenta tensão política em Gaza, em meio à expectativa de eleições antecipadas

Seguido por 2.000 pessoas, enterro das crianças ocorre em clima de protesto, com dezenas de tiros para o alto e a invasão do Parlamento


DA REDAÇÃO

Três irmãos de três, seis e nove anos, filhos de um alto oficial da inteligência palestina, foram mortos a tiros ontem na faixa de Gaza. O incidente agravou o tenso clima de confronto entre o Fatah, do presidente Mahmoud Abbas, e o Hamas, do premiê Ismail Haniyeh.
O enterro transcorreu sob clima de revolta, enquanto as crianças, envolvidas em lençóis brancos, eram carregadas por parentes. Cerca de 2.000 pessoas acompanharam. Tiros foram disparados para o alto, e o protesto se estendeu ao Parlamento palestino, que foi invadido por manifestantes.
O atentado foi obra de três mascarados, que fecharam com dois carros o veículo em que estavam os filhos do coronel Baha Balousha, membro do Fatah. Dezenas de tiros atingiram o carro oficial de Balousha, onde estavam os meninos a caminho da escola com o motorista e um segurança. Só o motorista sobreviveu, gravemente ferido.
O coronel Balousha, que estava em casa no momento do ataque, chefiou há dez anos uma grande operação de repressão ao Hamas, que hoje controla o governo. Desde então, sua relação com o grupo islâmico manteve-se tensa. Há quatro meses escapou ileso de um ataque parecido.
Ao comentar o incidente, em Ramallah, o presidente palestino o classificou de "um crime desumano". Balousha, cercado de seguranças durante o enterro, atribuiu o assassinato dos filhos a forças que "querem que a Presidência palestina e seus serviços de inteligência fracassem." Nenhum grupo assumiu a autoria do infanticídio.
Abbas e o premiê Haniyeh, que chegou ontem ao Sudão, após visitar o Irã, disseram ter ordenado o ministro do Interior a fazer o possível para identificar os assassinos.
A tensa relação política nos territórios palestinos se arrasta nos últimos meses, enquanto o Fatah e o Hamas não chegam a um acordo para formar um governo de união. No último sábado o presidente Abbas disse que convocará eleições antecipadas até o fim desta semana se não houver um acordo.
Haniyeh respondeu acusando-o de tentar derrubar o governo, formado após a surpreendente vitória eleitoral do Hamas, em janeiro. O premiê palestino também disse ao canal por satélite Arabiya que assegurou no Irã uma ajuda de US$ 250 milhões do país aos palestinos no ano que vem.


Com agências internacionais

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