São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / ESCÂNDALO EM ILLINOIS

Obama exporá laço com governador

Presidente eleito diz que divulgará contatos de sua equipe com Blagojevich, acusado de corrupção, e nega envolvimento

Democrata volta a sugerir renúncia de correligionário, acusado de pedir dinheiro e cargos em troca de assento deixado vago no Senado

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

Sob pressão da oposição e da imprensa, o presidente eleito dos EUA, Barack Obama, ordenou ontem que sejam divulgados todos os contatos feitos entre sua equipe e o governador de Illinois, Rod Blagojevich, acusado de corrupção.
Em entrevista coletiva, Obama disse estar "absolutamente certo" de que não houve negociações com Blagojevich sobre sua substituição no Senado. Na última terça, promotores federais acusaram o governador de, entre outras ilegalidades, tentar "leiloar" o posto deixado vago por Obama, exigindo em troca contribuições de campanha milionárias e cargos futuros.
Em nova tentativa de se afastar do escândalo, o presidente eleito também disse esperar que Blagojevich renuncie, poupando a Assembléia Estadual do trabalho de votar pelo impeachment.
"Nunca falei com o governador sobre o assunto. Confio em que nenhum de meus representantes esteve envolvido em negociações sobre a vaga. Creio que os documentos divulgados pelo promotor federal [Patrick Fitzgerald, encarregado do caso] refletem isso", afirmou.
As acusações contra Blagojevich não implicam Obama em nenhuma ação suspeita. Não há indícios de que o governador e o presidente eleito, ambos democratas, participassem dos mesmos círculos políticos em Chicago nem de que tivessem relacionamento próximo.
Em gravações feitas pela investigação federal, Blagojevich critica Obama e sua equipe por não se disporem a pagar o preço de sua escolha para a vaga. Especula-se que o presidente eleito desejasse a indicação de sua assistente Valerie Jarrett.

Problemas no Estado
Ainda assim, opositores questionam o possível envolvimento de Obama na política corrupta de Illinois -a pressão cresceu após o assessor sênior de Obama, David Axelrod, ter afirmado em novembro que o presidente eleito e o governador haviam conversado sobre o assento no Senado. Na terça, porém, Axelrod disse em nota que se enganou e que eles não discutiram o assunto.
A Assembléia de Illinois prepara uma sessão para a próxima segunda que discutirá como tirar de Blagojevich a prerrogativa de escolher o sucessor de Obama no Senado -e possivelmente também seu cargo.
Obama afirmou que divulgará dados sobre comunicações de sua equipe com Blagojevich nos próximos dias. "A vaga [no Senado] não é de propriedade de nenhum político. Pertence ao povo de Illinois." Ele sinalizou apoio à organização de uma eleição especial para nomear seu substituto -cuja escolha ainda cabe ao governador.
Apesar de seus esforços, Obama não conseguiu se afastar do escândalo, que ofusca até a montagem de seu gabinete. A entrevista de ontem fora organizada para anunciar o ex-senador Tom Daschle na Saúde, mas o presidente eleito foi inundado com perguntas sobre o governador de Illinois.
O mesmo ocorrera na terça, quando Obama se reuniu com o ex-vice-presidente Al Gore para falar de mudança climática.


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