São Paulo, segunda-feira, 13 de janeiro de 2003

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ÁSIA

Autoridades de Pyongyang ameaçam Estados Unidos e negam ter admitido existência de programa nuclear secreto

Coréia do Norte fala em "mar de fogo"

DA REDAÇÃO

A Coréia do Norte negou ontem ter admitido a autoridades americanas que possuía um programa secreto de armas nucleares e ameaçou lançar um "mar de fogo" sobre os EUA. Também ontem, um enviado americano chegou à Coréia do Sul para negociações sobre a crise.
O subsecretário de Estado americano James Kelly terá um encontro com o presidente eleito Roh Moo-hyun, que defende a diplomacia como única solução para a crise. Kelly também planejou um encontro com o chanceler Choi Sung-hong e dois assessores de segurança da Presidência.
Washington e aliados estão intensificando esforços para encontrar uma solução diplomática para o crescente confronto com a Coréia do Norte. Kelly viajará na terça-feira para a China, e depois segue para a Cingapura, a Indonésia e o Japão.
Em outubro, os Estados Unidos anunciaram que a Coréia do Norte, incluída pelos EUA no "eixo do mal", admitira ter um programa nuclear quando Kelly estava em Pyongyang para conversações.
Um programa do gênero viola o acordo de 1994 com os EUA, que se comprometia a fornecer energia para a Coréia do Norte caso o país suspendesse operações em seus aparatos nucleares. Washington retaliou em dezembro suspendendo o envio de combustível prometido no acordo.
Os EUA acreditam que a Coréia do Norte tenha uma ou duas armas nucleares e que poderia fabricar mais em seis meses.
Durante uma visita à Rússia, que acabou ontem, o primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, reafirmou suas preocupações com o desenrolar dos fatos na Coréia do Norte.
No sábado, a Coréia do Norte enviou mensagens prometendo "esmagar os maníacos nucleares dos EUA" em uma "guerra santa", enquanto seu diplomatas anunciavam ao governo americano, nos EUA, que o país não tinha a intenção de construir bombas.
Também no sábado, uma autoridade norte-coreana afirmou que uma usina nuclear que fica a norte de Pyongyang estava pronta para entrar em operação. A Coréia do Norte aumentou a crise ameaçando retomar os testes de mísseis. No dia anterior, havia abandonado o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP).
Bill Richardson, governador do Novo México e ex-embaixador dos EUA na ONU, encorajou a administração Bush a abrir conversações com a Coréia do Norte com o intuito de negociar um pacto de não-agressão.
Pouco depois de nove horas de conversas com autoridades norte-coreanas, Richardson afirmou que era necessário que os EUA iniciassem conversações por intermédio das Nações Unidas.
"Os EUA devem começar as conversações preliminares na ONU em Nova York em níveis mais baixos para acertar negociações mais amplas", afirmou Richardson à rede de TV ABC.
Richardson encontrou Han Song Ryol, um membro do alto escalão da delegação da Coréia do Norte junto à ONU, durante três dias no Estado do Novo México. Ele disse que passou as informações sobre o encontro ao secretário de Estado, Colin Powell, incluindo um relatório escrito.

Preocupação do Brasil
A Chancelaria brasileira manifestou ontem preocupação com o fato de a Coréia do Norte ter deixado o TNP. "O Brasil tem defendido a tese da irreversibilidade dos compromissos internacionais de desarmamento e não-proliferação... O Brasil apóia os esforços diplomáticos orientados a uma solução pacífica e duradoura na questão da península coreana."


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