São Paulo, terça-feira, 13 de janeiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÃO NOS EUA

O megainvestidor diz que é "crucial" impedir sua reeleição

Urna deve rejeitar fundamentalismo de Bush, pede Soros

Paul Sancya - 11.jan.2004/Associated Press
Militante democrata faz crítica a Bush com uma máscara de Saddam Hussein sobre uma bandeja


FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O megainvestidor húngaro George Soros, 72, acusou ontem George W. Bush de ser "fundamentalista" e afirmou que o processo eleitoral nos EUA deveria "rejeitar com todas as forças" as políticas do presidente.
"Bush acredita em uma soberania sacrossanta que não deve se sujeitar a leis internacionais", afirmou Soros no lançamento de seu livro "A Bolha da Supremacia Americana" (editora Public Affairs, 207 págs., US$ 22 nos EUA).
Soros afirma que, a exemplo das "bolhas financeiras", o "radicalismo conservador" de Bush teve sua visão montada com base em uma "distorção da realidade" imposta aos EUA após os atentados do 11 de Setembro.
"Em processos normais, as distorções são corrigidas naturalmente até atingirem um equilíbrio. No caso de Bush, a distorção é que está moldando uma nova "realidade", afirmou.
Nos últimos meses, Soros, um dos homens mais ricos do mundo, contribuiu com cerca de US$ 12,5 milhões para entidades que apoiam pré-candidatos do Partido Democrata, de oposição a Bush, para as eleições de 2 de novembro próximo.
"Decidi colocar meu dinheiro onde venho colocando a minha boca", disse Soros. "É crucial que a política de Bush seja rejeitada nas próximas eleições."
Durante entrevista coletiva, Soros comparou "o grupo neoconservador" de Bush aos porcos que tomam o poder no livro "A Revolução dos Bichos", do escritor britânico George Orwell.
"O grupo que ocupa o poder nos EUA hoje se considera melhor do que o resto do mundo. Crêem que a vida seja uma luta pela soberania que depende apenas da força militar. Bush coloca em risco o futuro do planeta."

"Serra ou o caos"
Soros é autor da famosa previsão "Serra ou o caos" para o Brasil. Durante o processo eleitoral de 2002, declarou que uma vitória de Luiz Inácio Lula da Silva sobre o governista José Serra levaria o país ao "caos financeiro".
Questionado ontem pela Folha sobre o assunto, Soros afirmou: "Fui mal interpretado. O que disse e acreditava na época é que os mercados financeiros teriam uma forte reação a Lula. O Brasil superou isso e a eleição de Lula mostrou um fortalecimento da democracia no Brasil".


Texto Anterior: Deserto do Saara vira nova frente da guerra americana ao terror
Próximo Texto: Frase
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.