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ARTIGO
Obama tem de repensar equipe
ROGER COHEN
DO "NEW YORK TIMES"
A equipe de Obama não gosta
de divulgar muitas informações, mas tenho um furo sobre
os assessores seniores que ele
reuniu para promover uma nova política para o Oriente Médio no momento em que a guerra na faixa de Gaza corre solta.
Shibley Telhami, Vali Nasr,
Fawaz Gerges, Fouad Moughrabi e James Zogby -um grupo
de respeitados estudiosos de
origens árabe e iraniana, de larga experiência, que visa assinalar a disposição em repensar o
Oriente Médio, com uma análise atenta para averiguar até que
ponto o apoio complacente a
Israel tem sido útil.
Nada disso -esqueça o que
leu acima. Obama não tem planos para convocar essa equipe
para tratar do problema israelo-palestino e do Irã.
Na verdade, as pessoas que
provavelmente exercerão papéis significativos em relação
ao Oriente Médio no governo
Obama formam uma lista um
tanto quanto diferente.
Elas incluem Dennis Ross
(que atuou como enviado de
paz ao Oriente Médio sob Clinton e pode agora estender sua
missão ao Irã); James Steinberg (como vice-secretário de
Estado); Dan Kurtzer (ex-embaixador dos EUA em Israel),
Dan Shapiro (assessor de longa
data de Obama) e Martin Indyk
(outro ex-embaixador em Israel, que tem vínculos estreitos
com a próxima secretária de
Estado, Hillary Clinton).
Não tenho nada contra homens inteligentes, motivados,
progressistas e judeus -até
porque me olhei no espelho.
Conheço ou já conversei com
todos eles. Todos são bem informados, têm mente aberta e
são resolutos. Mesmo assim,
deixam a desejar nos quesitos
diversidade e "mudanças nas
quais você pode acreditar".
Num artigo na "Newsweek",
Michael Hirsh escreveu: "A experiência de Ross como enviado presidencial durante o fracassado processo de Oslo, além
de principal negociador com a
Síria, o torna uma escolha singularmente apropriada para
promover uma renovação importante da política americana
em quase todas as frentes".
Será mesmo? Eu me pergunto sobre a capacidade de "renovação importante" de alguém
que fracassou por tanto tempo.
É importante que Obama
transmita a mensagem certa
desde o primeiro dia. Com as
redes Al Jazeera e Al Arabiya
colocando no ar 24 horas por
dia de imagens da carnificina
em Gaza, a mobilização no
mundo árabe é intensa. A fúria
contra Israel e os EUA é um augúrio tenebroso.
Credibilidade
Ignorar os assentamentos israelenses na Cisjordânia e o
bloqueio israelense a Gaza não
prejudica o interesse dos EUA
em fomentar o sentimento palestino moderado? A política
americana não deveria ser dirigida à reconciliação de um movimento palestino hoje dividido? Fora de suas alas terroristas, quais elementos do Hamas
e do Hizbollah podem ser persuadidos a aderir ao centro?
Será que compreendemos o
Oriente Médio cada vez mais
sofisticado da Al Jazeera, onde,
como me disse Telhami, professor da Universidade de
Maryland, "as pessoas não são
estúpidas, e nossa credibilidade
caiu para quase zero"?
Formular essas perguntas
não altera o compromisso dos
EUA com a segurança de Israel
dentro de suas fronteiras anteriores a 1967. Mas assinalaria
que o consenso da era Bush de
que Israel é incapaz de errar está prestes a ser contestado.
Não me sinto encorajado
-não pela equipe em que Ross
supostamente exercerá papel
tão importante, nem pelas resoluções aprovadas pelo Senado e pela Câmara dos Representantes. O primeiro ofereceu
"compromisso inabalável" com
Israel. A segunda reconheceu
"o direito de Israel de defender-se de ataques lançados desde a faixa de Gaza". Nenhum
dos dois fez críticas a Israel.
Entre as democracias progressistas, apenas no Congresso americano uma defesa contra o terror que resulta na morte de centenas de crianças palestinas não é motivo de exames de consciência. Na minha
opinião, tal "defesa" israelense
já extrapolou o permissível.
"Todos nos opomos ao terror", diz Telhami. "Mas de que
maneira isso nos esclarece
quanto à melhor maneira de
avançar?"
O esclarecimento exigirá
uma equipe mais ampla e nova
para o Oriente Médio do que a
que Obama está contemplando. A falta de conhecimentos
especializados sobre o islã e a
perspectiva árabe teve um custo alto em Camp David. Em dado momento foi preciso convocar o principal tradutor árabe
do Departamento de Estado
porque a falta de habilidades de
negociação era aguda.
Obama deveria tomar nota
disso, nomear um árabe-americano e um iraniano-americano
para papéis de destaque e precaver-se contra uma equipe
que o leve de volta ao futuro.
Ele disse durante a campanha que "uma abordagem resolutamente pró-Likud a Israel"
não pode "ser a medida de nossa amizade com Israel". Agora,
com o sangue correndo em Gaza, é chegada a hora das ações.
Tradução de CLARA ALLAIN
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