|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Rússia e Ucrânia fecham acordo sobre gás
Fornecimento de gás para a Europa ainda depende de monitoramento externo para ser normalizado
DA REDAÇÃO
Moscou e Kiev finalizaram
ontem, entre acusações mútuas, um acordo para restabelecer o fluxo de gás para a Europa
por território ucraniano, interrompido há seis dias. A abertura das válvulas nos campos russos está prevista para esta manhã, mas o gás viajará por pelo
menos 36 horas até alcançar as
fronteiras da União Europeia,
que enfrenta severa crise de
abastecimento.
A Rússia ameaça descumprir
o prazo, caso a Ucrânia imponha "novos obstáculos" ao monitoramento dos seus gasodutos. Moscou acusa Kiev de roubo de gás e exigia a presença de
observadores internacionais
para voltar a abastecer a Europa. Técnicos da UE estão na
Ucrânia desde sexta-feira, mas
sucessivas divergências atrasaram o acordo que regulamenta
a missão.
Sob pressão do bloco europeu, mediador do acordo, Kiev
desistiu de um adendo acrescentado ao documento anteontem, após a assinatura de Moscou. A alteração, que reforçava
a posição ucraniana na disputa
comercial com a estatal russa
Gazprom, foi rechaçada imediatamente pela Rússia, que
declarou o texto inválido.
O recuo ucraniano não encerra, porém, a disputa entre as
estatais das ex-repúblicas soviéticas, e a Europa mantém-se
em estado de alerta.
O chamado "gás técnico", necessário para manter a pressão
nos dutos, é um dos pontos obscuros do acordo, que não estabelece quem pagará por ele. A
Ucrânia exige que a Rússia forneça gratuitamente volume
que atenda as "necessidades
operacionais" do transporte.
Moscou rechaça a demanda,
alegando que já paga pelo uso
dos dutos, e acusa Kiev de roubar o gás destinado à Europa
desde 1º de janeiro, quando a
Rússia parou de abastecer o
mercado ucraniano.
Alegando o "desvio ilegal", a
Gazprom suspendeu todo o envio de gás para a Ucrânia, por
onde passam 80% das exportações russas ao continente europeu. Os cortes afetam 18 países.
Sempre difíceis, negociações
anuais entre as estatais dos dois
países fracassaram no final de
2008, em meio ao impasse sobre o preço a ser pago pelo gás
em 2009, a taxa de transporte e
dívidas contestadas por Kiev.
O impasse reflete a tensão
crescente entre Moscou e Kiev,
aspirante a membro da Otan
(aliança militar ocidental). O
gás russo é vendido à Ucrânia
por um preço abaixo do de mercado, herança da relação histórica entre os países. Kiev alega
que o valor que cobra pelo
transporte também é artificialmente baixo.
As divergências entre as estatais energéticas dos dois países
acirraram-se após a Revolução
Laranja de 2004, que marcou a
ruptura política de Kiev com o
Kremlin. A atual crise econômica renovou tanto o ímpeto
russo de pôr fim à tarifa preferencial quanto a determinação
ucraniana em manter o preço
baixo e elevar a arrecadação
com o transporte.
A UE, que importa da Rússia
um quarto do gás que consome,
viu-se forçada a mediar a crise.
Sem o fluxo nos dutos ucranianos, o fornecimento de gás russo para o bloco caiu pela metade, apesar do aumento do envio
por rotas via Belarus e Turquia.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Indicado à vaga de Obama no Senado é aceito Próximo Texto: Cuba: Havana anuncia liberalização de sistema de táxis Índice
|