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Google faz ameaça de encerrar suas atividades na China
Motivo alegado pela empresa é tentativa de acessar as contas Gmail de ativistas de direitos humanos
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
O Google ameaçou ontem
abandonar suas operações na
China após ter descoberto a invasão de contas de e-mail de
ativistas de direitos humanos
no país.
Em um comentário no blog
corporativo, a empresa relata
que detectou um "ataque altamente sofisticado contra nossa
infraestrutura originado na
China" e que um de seus principais objetivos era "acessar as
contas Gmail de ativistas de direitos humanos".
A empresa não acusa diretamente o governo chinês, mas
diz que pretende, a partir de
agora, não mais censurar os resultados em seus mecanismos
de busca, uma das exigências de
Pequim para permitir a operação do site no país - o que pode
forçar o fechamento do site e de
seus escritórios no país.
Desde 2006, quando o site
Google.cn foi criado, pesquisas
sobre termos como repressão e
violência no Tibete e perfis dos
líderes do Partido Comunista
são bloqueadas.
O site foi duramente criticado por organizações de direitos
humanos nos Estados Unidos
por se submeter à censura chinesa, mas argumentava que essa era a única maneira de obter
licença de operação na China.
Antes disso, pesquisas em
chinês eram feitas no site internacional do Google, que era
continuamente bloqueado e
advertido pela censura chinesa.
Tal política favoreceu o crescimento do site chinês Baidu.com, uma cópia do Google
mais próxima da cúpula comunista, especialmente na censura ao conteúdo local.
No ano passado, o CEO da
Google China pediu demissão,
após choques entre o governo e
a empresa. O site foi retirado do
ar por várias horas como "alerta do governo chinês à falta de
cooperação do Google na nossa
luta contra a pornografia", disse nota do Ministério das Relações Exteriores em junho.
Outro choque entre a empresa e o governo chinês acontece
pelo serviço Google Books. A
Sociedade de Direitos Intelectuais de Trabalhos Escritos da
China exigia compensações financeiras e desculpas pelo escaneamento de livros chineses
em sua biblioteca virtual.
Versões chinesas de sites
americanos, como Youku (cópia do Youtube), Taobao (cópia
do eBay) e QQ (cópia do MSN e
do ICQ) floresceram com essa
política de favorecer sites locais
que se autocensurem.
Em um ataque em sentido
oposto, o Baidu.com, maior
mecanismo de buscas do país,
com 62% do mercado, foi alvo
de hackers iranianos ontem.
Um grupo autointitulado "CiberExército do Irã" tirou a página do ar e assumiu a responsabilidade.
A porta-voz da Chancelaria
Jiang Yu disse que a China se
opõe a "todos os cibercrimes,
incluindo hacking".
Não há como comprovar a
origem e a veracidade do grupo,
mas diversos grupos opositores
do Irã atacam a China por seu
apoio econômico e logístico ao
governo do presidente Mahmoud Ahmadinejad, que tem a
lisura de sua reeleição contestada.
Sites como Twitter e Facebook, amplamente usados para
a mobilização da oposição iraniana, foram bloqueados na
China nas semanas seguintes à
polêmica eleição no Irã.
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