São Paulo, quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

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Saída do Hizbollah desfaz governo libanês

Decisão é motivada por apoio do país a tribunal que deve indiciar membros do grupo pela morte de ex-premiê

Anúncio eleva temores de conflito sectário, no momento que o Brasil planeja participação na missão da ONU no país

Joseph Eid/France Presse
Bandeiras do Hizbollah ornam uma homenagem a militantes mortos por Israel, em Beirute

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O grupo xiita Hizbollah e aliados anunciaram ontem a saída da coalizão de governo do Líbano, jogando por terra o gabinete de unidade formado havia 14 meses e gerando temor de novo período de instabilidade política e conflitos sectários no país.
A decisão foi causada pela resistência do premiê Saad Hariri em desautorizar o tribunal da ONU que deve indiciar integrantes do Hizbollah por atentado que matou, em fevereiro de 2005, o seu pai, o ex-premiê Rafik Hariri.
A deterioração da situação política do Líbano ocorre no momento em que o Brasil se prepara para assumir a força naval da missão da ONU baseada no sul do país -a Unifil, cujo objetivo é evitar conflitos com o vizinho Israel.
O projeto, o mais importante do Brasil depois do Haiti, prevê o envio de embarcações militares e cerca de 200 homens à região e visa elevar a projeção global brasileira.
A renúncia dos dez ministros -de 30- da aliança liderada pelo Hizbollah, além de um 11º titular alinhado, foi anunciada durante encontro do premiê com o presidente Barack Obama nos EUA.
"Esse gabinete se tornou um fardo para o Líbano, incapaz de fazer o seu trabalho", disse o ex-ministro da Energia Jibran Bassil ao lado de aliados. "Nós estamos dando chance a um novo governo."
Até anteontem, Síria e Arábia Saudita tentavam mediar acordo para diminuir a tensão em torno da investigação da ONU sobre o assassinato do ex-premiê Rafik Hariri.
O Hizbollah, contra o qual Israel travou uma guerra em 2006, vê o tribunal instalado em maio de 2007 como "projeto israelense" e acusa o governo liderado por Hariri de ceder a pressões ocidentais.
O atentado que matou o ex-premiê em 2005, em Beirute, precipitou a saída da Síria -regime aliado do Hizbollah- do país e abriu o caminho para a chegada ao poder da aliança pró-Ocidente que atualmente lidera o governo.
Em 2009, quando o bloco saiu vencedor das eleições gerais, foram necessários cinco meses até a formação do governo de união.
Um ano antes, outro impasse político provocou conflitos que deixaram mais de 80 mortes e reviveram temores de eclosão de uma nova guerra civil -a última, encerrada em 90, durou 15 anos.
A expectativa agora é que Hariri tente recompor a coalizão governista, o que esbarra na força adquirida pelo Hizbollah nos últimos anos.
A política libanesa se assenta em acordo que prevê presidente cristão, premiê muçulmano sunita e líder do Parlamento muçulmano xiita -correspondente aos grupos religiosos do país.
Os EUA manifestaram apoio ao governo de Hariri, enquanto Turquia e Arábia Saudita exortaram o Hizbollah a retornar ao governo.


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