São Paulo, quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

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ANÁLISE

Colapso demonstra fracasso de esforços de mediação feitos por países vizinhos

ALISTAIR LYON
DA REUTERS, EM BEIRUTE

O colapso do ministério "de união nacional" libanês expôs o fracasso de Síria e Arábia Saudita em superar as divisões políticas locais quanto ao tribunal constituído para julgar os assassinos do líder Rafik Hariri.
O Líbano agora pode enfrentar um prolongado impasse político e tensão sectária renovada, mas não se espera confronto militar aberto entre o Hizbollah (apoiado pelos sírios) e os seguidores sunitas de Hariri, que contam com o apoio da Arábia Saudita e dos EUA.
No entanto, protestos de rua, choques ou até mesmo o retorno dos atentados a bomba e homicídios políticos não podem ser descartados.
O Hizbollah não enfrenta desafios militares no Líbano, já que as demais milícias se desarmaram depois da guerra civil de 1975-90.
Mais poderoso que o Exército, o grupo se retrata como vanguarda da resistência pan-islâmica a Israel e não como uma organização sectária estreita.
Essa imagem sofreria sérios danos caso fosse provada qualquer conexão entre o Hizbollah e o assassinato de Hariri, em 2005.
O grupo antecipa que o tribunal, criado com o apoio da ONU, venha a indiciar alguns de seus seguidores.
Não se sabe exatamente quem foi responsável pelo insucesso dos esforços árabes de mediação, iniciados quando o presidente sírio Bashar al Assad e o rei Abdullah, da Arábia Saudita, se reuniram em julho.

ECONOMIA
O fiasco é nova prova da incapacidade do Líbano para superar suas divisões. Os EUA são vigorosos proponentes do tribunal, que deve preparar o texto inicial de seus indiciamentos este mês.
Arábia Saudita e Síria vêm tentando controlar as tensões no Líbano, mas jamais anunciaram que resultados seus esforços obtiveram.
Já a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, quer promover um consenso internacional em apoio ao Líbano e ao tribunal, disse um importante funcionário do governo norte-americano, acrescentando que ela já havia conversado com representantes dos governos saudita, francês e egípcio
A economia libanesa, especialmente os setores bancário, imobiliário e turístico, vem florescendo a despeito da instabilidade política e da paralisia de um ministério que só realizou uma reunião nos últimos dois meses e não conseguiu que o Legislativo aprovasse o Orçamento do ano passado.


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