São Paulo, segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

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CARIBE

2º turno não está descartado

Funcionário eleitoral vê manipulação no Haiti

DA REDAÇÃO

Um membro da comissão eleitoral do Haiti disse ontem que os resultados da eleição ocorrida na última terça-feira estão sendo manipulados. No mesmo dia, mais de 10 mil manifestantes tomaram as ruas da capital, Porto Príncipe, para exigir que o ex-presidente, René Préval, que tinha até o fechamento desta edição 49,1% dos votos válidos e ainda corria o risco de ir para o segundo turno, fosse declarado vencedor.
"Eu acredito que há um certo nível de manipulação", disse Pierre Richard Duchemin à agência de notícias Associated Press. "Existe um esforço para que as pessoas parem de questionar o processo de apuração."
O resultado final, que estava inicialmente previsto para a última quinta-feira, deveria sair na noite de ontem, segundo autoridades locais. Mas até o fechamento desta edição não foi divulgado.
Alguns dos manifestantes favoráveis a Préval ameaçaram transformar o protesto em um ato violento se o candidato não fosse declarado vencedor no primeiro turno e levantaram a hipótese de fraude no processo eleitoral.
"Se eles tirarem a eleição de Préval, não ficaremos quietos", disse Robert Antoine, 23, morador da favela de Bel-Air, reduto eleitoral de Préval, assim como a favela de Cité Soleil. "O povo votou nele em massa, e parece que a comissão eleitoral está jogando com o resultado." Cerca de 125 mil cédulas -ou 7,5% dos votos- foram declaradas inválidas por causa de irregularidades, levantando suspeitas nos defensores de Préval, que acreditam que tenha havido "roubo de votos".
Em Cité Soleil, cerca de mil pessoas vestindo camisetas de Préval e com buzinas se reuniram e prepararam uma passeata para o escritório da comissão eleitoral.
Na passeata de Porto Príncipe, manifestantes usando bonés de Préval e abanando bandeiras do candidato marcharam fazendo muito barulho para a rua principal, gritando: "Nosso coração bate por Préval".
"Préval ganhou com 70% dos votos", afirmou o professor Charles Jean Robert, 45, que disse ainda que "as autoridades querem fazer "mutretas" para favorecer [Leslie] Manigat".
Outro grupo favorável ao candidato planejou bloquear as estradas em Jeremie, uma cidade a cerca de 160 km ao sudeste da capital.
O primeiro-ministro interino do Haiti, Gérard Latortue, e o enviado da Organização das Nações Unidas (ONU), Juan Gabriel Valdes, estiveram presentes aos protestos, acompanhados por guardas de segurança armados com fuzis.


Com agências internacionais


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