São Paulo, sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Paquistão prende 6 por ataque a Mumbai

Islamabad admite que terroristas envolvidos em atentado na cidade indiana partiram do país, como afirmava Nova Déli

Prisões amenizam a tensão entre rivais; Índia apontava leniência em investigações e insinuava envolvimento da inteligência paquistanesa

DA REDAÇÃO

O Paquistão reconheceu, pela primeira vez, que a ofensiva terrorista a Mumbai (antiga Bombaim) foi parcialmente planejada em seu território, confirmando alegações indianas. Os ataques coordenados, que aterrorizaram a cidade em novembro e mataram mais de 160 pessoas, inflamaram as tensões entre a Índia e o Paquistão, potências nucleares rivais que vinham experimentando uma recente distensão.
"Parte da conspiração foi feita no Paquistão", disse o ministro interino do Interior, Rehman Malik, que anunciou ontem a prisão de seis suspeitos de envolvimento na ofensiva à Mumbai. Um dos detidos é Hamman Amin Sadiq, rastreado por meio de transferências financeiras e ligações telefônicas, citado por Malik como principal articulador do plano.
Três suspeitos estão sob investigação, incluindo Zaki ur-Rehman Lakhvi, comandante operacional do grupo islâmico proscrito Lashkar-e-Taiba (exército dos devotos), que a Índia aponta como mentor dos ataques. Ele tinha sido preso no final do ano passado.
Nova Déli saudou como "um desdobramento muito positivo" a prisão dos suspeitos, anunciada por Malik no último dia da visita do enviado especial dos EUA para o Paquistão e o Afeganistão, Richard Holbrooke. A Casa Branca buscou equilibrar a crise entre seus aliados, cobrando moderação de Nova Déli e cooperação de Islamabad nas investigações.
Autoridades indianas acusavam Islamabad de leniência no combate ao Lashkar-e-Taiba. Afirmavam, ainda, que a ofensiva não teria sido possível sem a conivência de agentes da inteligência paquistanesa.
Malik não comentou as críticas indianas. Confirmou, porém, o envolvimento do Lashkar-e-Taiba, grupo de origem paquistanesa que luta contra o domínio indiano na Caxemira. Proscrita por Islamabad em 2002, a organização tem ligação histórica com a inteligência paquistanesa, que, nas décadas de 80 e 90, fomentou a insurgência islâmica na Caxemira, disputada pelos dois países.
Segundo Malik, foram identificados e-mails do coordenador de comunicação do Lashkar-e-Taiba reclamando a autoria dos ataques. O grupo sempre negou envolvimento nos ataques de Mumbai.
Em entrevista transmitida em rede nacional de TV, o ministro disse que os terroristas partiram do litoral paquistanês, como afirmara Nova Déli. Segundo Malik, eles viajaram em barcos infláveis comprados na cidade paquistanesa de Karachi e reabasteceram no Estado indiano de Gujurat.
As autoridades paquistanesas ainda não identificaram os nove terroristas mortos durante a ofensiva a Mumbai.
"Nós pedimos mais informações à Índia", disse Malik.
Em janeiro, Nova Déli entregou a Islamabad um dossiê com evidências do envolvimento de paquistaneses nos ataques. O único terrorista sobrevivente, Ajmal Kasab, é cidadão paquistanês.

Com agências internacionais


Texto Anterior: Missão da ONU: Militar brasileiro morre em um acidente no Haiti
Próximo Texto: Netanyahu assume dianteira para formar o novo governo israelense
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.