São Paulo, sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

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Investigação de ataques a Cabul evoca o Paquistão

DA REDAÇÃO

Um dia após atentados simultâneos reivindicados pelo Taleban terem matado 20 e ferido ao menos 57 pessoas em três prédios públicos de Cabul, autoridades americanas e afegãs apontaram o dedo para o Paquistão, ao comentar as investigações dos ataques.
Ontem, antes de Richard Holbrooke, enviado especial do presidente Barack Obama ao Paquistão e ao Afeganistão, desembarcar na capital afegã, o chefe da inteligência local externou a suspeita. "Ao entrarem no Ministério da Justiça, antes do início da matança de civis, eles mandaram três mensagens ao Paquistão, pedindo bênção a seu mentor", disse Amerulah Saleh.
O "New York Times" publicou que, segundo um alto funcionário da inteligência americana, investigações preliminares apontaram que os ataques provavelmente foram articulados por um grupo baseado no Paquistão e liderado por Jalaluddin Haqqani. O veterano líder da guerrilha islâmica que combateu a ocupação soviética nos anos 80 com respaldo da CIA foi chanceler do governo do Taleban no Afeganistão.
Essa versão aponta que o ISI, serviço secreto paquistanês -com quem Haqqani tem bons contatos, segundo os EUA- deve ter auxiliado a operação.
Ele é apontado também como o mentor intelectual do ataque à Embaixada da Índia em Cabul em julho do ano passado, que matou mais de 60 pessoas, e, segundo Nova Déli, contou com a cooperação do ISI.

Desonesto e impopular
Apesar de suspeitarem da articulação dos ataques no Paquistão, os americanos não isentaram o governo afegão de responsabilidade pelo fortalecimento do Taleban no país.
"A inabilidade de Cabul de construir instituições públicas efetivas, honestas e leais em nível provincial erode sua legitimidade popular e aumenta a influência de líderes guerreiros locais e do Taleban", afirmou Dennis Blair, chefe da inteligência dos EUA, em crítica aberta ao governo do presidente Hamid Karzai -empossado com um apoio americano que se esvai cada vez mais rápido.
Neste clima de tensão, a chegada de Holbrooke a Cabul ontem foi marcada pelo reforço da segurança. A presença do enviado de Obama na capital afegã foi confirmada por um porta-voz da Embaixada dos EUA, que não revelou a programação do americano na cidade.
Além dos ataques de anteontem, as preocupações quanto à segurança foram intensificadas porque um porta-voz do Taleban alegou que ainda há oito homens-bomba espalhados por Cabul "procurando uma oportunidade".

Com agências internacionais


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