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Governo de Portugal é acusado de tentar controlar a imprensa
Divulgação de escutas telefônicas implica premiê em suposto plano para criar grupo midiático aliado
DA REDAÇÃO
O Poder Executivo português foi alvo ontem de uma série de críticas após a divulgação
de gravações que envolvem o
premiê José Sócrates (Partido
Socialista, centro-esquerda)
num suposto plano para criar
um grupo de mídia favorável ao
governo. O premiê nega.
Até a semana passada, quando o escândalo foi revelado pelo
semanário "Sol", as escutas telefônicas divulgadas sugeriam
que o governo tentara usar a
Portugal Telecom (PT, na qual
o Estado tem participação) para adquirir o canal TVI, que, no
passado, acusou Sócrates em
um caso de corrupção.
Ontem, o "Sol", crítico ao governo, ampliou as denúncias,
revelando conversas entre
membros da PT e empresários
num suposto esquema para
comprar jornais e emissoras do
país e formar um conglomerado midiático de orientação favorável ao governo.
Segundo o "Sol", o procurador João Marques Vidal considera haver "indícios muito fortes" do envolvimento do governo, "nomeadamente o premiê",
no plano midiático. Num trecho divulgado, um executivo da
PT teria dito que à empresa "interessa ter um acionista forte"
no setor da mídia.
Sócrates -reeleito premiê
em setembro, mesmo sem
maioria parlamentar- negou
as acusações e disse que as escutas foram ilegais e consideradas irrelevantes pela Justiça. O
ministro da Presidência, Pedro
Silva Pereira, agregou que a publicação das escutas leva à
"conclusão fantasiosa" de busca por controle da imprensa. "O
governo não deu qualquer instrução à PT para aquisições" no
setor midiático, afirmou ele.
O "Sol" publicou as escutas a
despeito de uma proibição judicial, alegando defesa da liberdade de imprensa. Críticos
apontaram "censura prévia" na
ordem judicial, e a oposição cobrou explicações do governo e
questionou sua legitimidade.
Com agências internacionais
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