|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TERROR EM LONDRES
Denúncia foi feita seis meses após morte do mineiro; família acusa polícia britânica de tentar desviar atenção
Jean Charles é investigado por estupro
SOPHIE GOODCHILD
DO "THE INDEPENDENT"
A polícia britânica virou o centro de mais uma confusão em torno do brasileiro Jean Charles de
Menezes ao divulgar que ele é suspeito de estupro. O eletricista de
27 anos foi morto a tiros em uma
estação de metrô de Londres por
policiais que o confundiram com
um terrorista em julho passado.
Os advogados da família de Jean
Charles foram contatados pela
polícia, que buscava autorização
para examinar amostras de DNA
retiradas de seu corpo após a
morte. O material está com a Comissão Independente de Queixas
da Polícia, que investiga o caso.
O inquérito envolvendo o brasileiro foi aberto em razão de um telefonema feito mais de seis meses
após sua morte por uma vítima de
estupro que o identificou como
seu agressor.
Fontes próximas à família reagiram com fúria. Elas acusam a Polícia Metropolitana de vazar detalhes do inquérito sobre o estupro
a fim de desviar as atenções da investigação sobre a morte.
Os parentes do brasileiro já
abriram queixa contra o comissário da Polícia Metropolitana, Ian
Blair, que eles alegam ter induzido
o público ao erro. A Promotoria
da Coroa também analisa a possibilidade de mover ações criminais
contra os policiais envolvidos na
morte do eletricista.
Uma fonte disse ao "The Independent" no domingo: "Esta foi
uma tentativa proposital de desviar a culpa. Primeiro a polícia
tentou dizer que ele era terrorista,
e agora isto. Jean não está mais
aqui para se defender".
No sábado à noite, a Polícia Metropolitana confirmou o prosseguimento da investigação sobre o
suposto estupro, que teria ocorrido no bairro de West End, em
Londres. "A vítima de um estupro
cometido no West End há mais de
três anos nos procurou neste ano
e deu o nome de um suspeito. O
nome dado foi o de Jean Charles
de Menezes. O inquérito continua", diz uma nota à imprensa.
Jean Charles foi morto a tiros
por policiais em 22 de julho, o dia
seguinte a um atentado frustrado
no metrô londrino. Num primeiro momento, os relatos de testemunhas oculares do incidente sugeriram que o brasileiro poderia
ser um terrorista -impressão
que a polícia não tentou mudar.
Agentes que vigiavam o prédio
do qual Jean Charles saiu procuravam Hussein Osman, suspeito
de participar dos atentados.
Em fevereiro, o "Independent
on Sunday" revelou que o relatório da comissão independente
alega que a polícia tentou falsificar evidências ligadas à morte e
alterou registros policiais. Segundo o jornal, um policial que vigiava o prédio identificou Jean Charles, erroneamente, como Osman,
e policiais armados foram enviados para detê-lo. Depois de vir à
tona que um inocente havia sido
morto, os registros foram alterados para, em vez de "era Osman",
dizer "não era Osman".
Tradução de Clara Allain
Texto Anterior: Peru: Fujimori se casará com japonesa Próximo Texto: Iraque sob tutela: Ataques coordenados em Bagdá matam 46 Índice
|