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IRAQUE SOB TUTELA
Atentados visam mercados em bairro xiita; governo antecipa primeira sessão do Parlamento para quinta-feira
Ataques coordenados em Bagdá matam 46
DA REDAÇÃO
Pelo menos 46 pessoas morreram e 204 ficaram feridas em seis
ataques a quatro movimentados
mercados no bairro xiita de Sadr
City, em Bagdá. Segundo o ministério do Interior, dois carros-bomba explodiram no mercado
Al Ula, e outro atingiu o Aal Gayara. Mais dois carros alvejaram o
mercado Mraidi, e outro, o Dakher. Morteiros também foram
disparados na região. As forças de
segurança desarmaram um sétimo carro-bomba no mesmo bairro, no mercado de Chaab.
Os atentados aconteceram numa hora de grande afluência de
público aos mercados.
O número de mortos deve aumentar. Moradores do local procuravam por sobreviventes e resgatavam corpos queimados para
serem levados em ambulâncias e
caminhões. "As pessoas ficaram
em pedaços", disse uma testemunha, que não quis se identificar.
Os conflitos entre a minoria árabe-sunita e a maioria árabe-xiita,
agravados depois de um atentado
contra um importante templo xiita em Samarra no dia 22 de fevereiro, têm levado o Iraque para a
beira de uma guerra civil. Autoridades alertam para o fato de que
um novo incidente poderia levar
o país a um conflito generalizado.
O bairro xiita de Sadr City, até
então, não era um alvo de atos
violentos, possivelmente pelo esforço da população local em cooperar com a insurgência sunita
contra a ocupação americana.
Outros ataques ontem mataram
12 pessoas, dez delas em Bagdá, e
feriram 27. Uma bomba explodiu
em uma rua movimentada em
uma área sunita no oeste de Bagdá, matando pelo menos seis pessoas e ferindo 12. O alvo do ataque
era uma patrulha policial. Entre
os mortos, três eram policiais, e
outros três civis. Outra bomba
que tinha como alvo uma patrulha policial explodiu perto da universidade Mustansiriyah, na região leste de Bagdá, ferindo cinco
policiais.
Novo parlamento
Após se reunirem com o embaixador americano, Zalmay Khalilzad, líderes políticos iraquianos
anunciaram que a primeira sessão do Parlamento eleito em dezembro será na próxima quinta-feira, três dias antes do que havia
sido informado inicialmente.
Embora a antecipação do dia da
sessão sugira algum progresso,
nenhum dos presentes falou sobre qualquer avanço no impasse
sobre a formação de um novo governo de coalizão, pré-condição
para que os EUA comecem a retirar os mais de 130 mil militares
que mantêm hoje no país. Além
disso, para Khalilzad, sem um governo de união nacional, a violência no país deve crescer e pode
evoluir para uma guerra civil.
O bloco religioso xiita venceu a
votação, mas sem maioria para
governar. Diante do quadro, viram-se obrigados a negociar o
apoio dos sunitas ou dos iraquianos de etnia curda.
Irã versus Iraque
Khalilzad negou que os EUA estariam pedindo ajuda ao Irã para
conter a violência no Iraque e disse que ainda há preocupação com
a ligação do país com milícias xiitas e extremistas no vizinho.
Segundo o jornal britânico
"Sunday Times", um agente da
inteligência iraniana teria mostrado a jornalistas em Teerã uma
carta em que o embaixador convida o Irã para enviar representantes para negociar no Iraque. O jornal afirma que a carta estava escrita em farsi, língua que o embaixador, nascido no Afeganistão, fala.
A embaixada americana também negou a existência da carta.
"O embaixador tem autoridade
para se encontrar com oficiais iranianos para discutir questões de
interesse mútuo. Mas ele não enviou uma carta em nenhuma língua aos iranianos", informou a
embaixada em um comunicado.
Os EUA acusam o Irã de deixar
armas e insurgentes iraquianos
atravessarem suas fronteiras.
Com agências internacionais
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