São Paulo, segunda-feira, 13 de março de 2006

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IRAQUE SOB TUTELA

Atentados visam mercados em bairro xiita; governo antecipa primeira sessão do Parlamento para quinta-feira

Ataques coordenados em Bagdá matam 46

DA REDAÇÃO

Pelo menos 46 pessoas morreram e 204 ficaram feridas em seis ataques a quatro movimentados mercados no bairro xiita de Sadr City, em Bagdá. Segundo o ministério do Interior, dois carros-bomba explodiram no mercado Al Ula, e outro atingiu o Aal Gayara. Mais dois carros alvejaram o mercado Mraidi, e outro, o Dakher. Morteiros também foram disparados na região. As forças de segurança desarmaram um sétimo carro-bomba no mesmo bairro, no mercado de Chaab.
Os atentados aconteceram numa hora de grande afluência de público aos mercados.
O número de mortos deve aumentar. Moradores do local procuravam por sobreviventes e resgatavam corpos queimados para serem levados em ambulâncias e caminhões. "As pessoas ficaram em pedaços", disse uma testemunha, que não quis se identificar.
Os conflitos entre a minoria árabe-sunita e a maioria árabe-xiita, agravados depois de um atentado contra um importante templo xiita em Samarra no dia 22 de fevereiro, têm levado o Iraque para a beira de uma guerra civil. Autoridades alertam para o fato de que um novo incidente poderia levar o país a um conflito generalizado.
O bairro xiita de Sadr City, até então, não era um alvo de atos violentos, possivelmente pelo esforço da população local em cooperar com a insurgência sunita contra a ocupação americana.
Outros ataques ontem mataram 12 pessoas, dez delas em Bagdá, e feriram 27. Uma bomba explodiu em uma rua movimentada em uma área sunita no oeste de Bagdá, matando pelo menos seis pessoas e ferindo 12. O alvo do ataque era uma patrulha policial. Entre os mortos, três eram policiais, e outros três civis. Outra bomba que tinha como alvo uma patrulha policial explodiu perto da universidade Mustansiriyah, na região leste de Bagdá, ferindo cinco policiais.

Novo parlamento
Após se reunirem com o embaixador americano, Zalmay Khalilzad, líderes políticos iraquianos anunciaram que a primeira sessão do Parlamento eleito em dezembro será na próxima quinta-feira, três dias antes do que havia sido informado inicialmente.
Embora a antecipação do dia da sessão sugira algum progresso, nenhum dos presentes falou sobre qualquer avanço no impasse sobre a formação de um novo governo de coalizão, pré-condição para que os EUA comecem a retirar os mais de 130 mil militares que mantêm hoje no país. Além disso, para Khalilzad, sem um governo de união nacional, a violência no país deve crescer e pode evoluir para uma guerra civil.
O bloco religioso xiita venceu a votação, mas sem maioria para governar. Diante do quadro, viram-se obrigados a negociar o apoio dos sunitas ou dos iraquianos de etnia curda.

Irã versus Iraque
Khalilzad negou que os EUA estariam pedindo ajuda ao Irã para conter a violência no Iraque e disse que ainda há preocupação com a ligação do país com milícias xiitas e extremistas no vizinho.
Segundo o jornal britânico "Sunday Times", um agente da inteligência iraniana teria mostrado a jornalistas em Teerã uma carta em que o embaixador convida o Irã para enviar representantes para negociar no Iraque. O jornal afirma que a carta estava escrita em farsi, língua que o embaixador, nascido no Afeganistão, fala.
A embaixada americana também negou a existência da carta. "O embaixador tem autoridade para se encontrar com oficiais iranianos para discutir questões de interesse mútuo. Mas ele não enviou uma carta em nenhuma língua aos iranianos", informou a embaixada em um comunicado.
Os EUA acusam o Irã de deixar armas e insurgentes iraquianos atravessarem suas fronteiras.


Com agências internacionais


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