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China quer imposto do cachorro
Proposta ao Parlamento procura limitar cães domésticos e diminuir 2.000 mortes anuais por raiva
Preocupação com limpeza e saúde já levou Pequim a limitar cachorros a um por família; cidade do oeste matou 500 mil animais
Aly Song - 31.jan.2007/Reuters
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Meninas brincam com seus cachorros na periferia de Xangai; deputado teme aumento da raiva |
DA REDAÇÃO
Um deputado chinês propôs
ontem ao Parlamento a instituição de um imposto para os
proprietários de cachorros, como forma de controlar a expansão desses animais domésticos
e financiar o combate à raiva.
Jiang Deming, que é também
vice-diretor do Centro de Pesquisas Tecnológicas Agrárias
da China, argumenta que no
ano passado 2.000 chineses
morreram de hidrofobia e que,
sem um imposto que contenha
o número de animais, a incidência de raiva tenda a aumentar. O projeto faz parte de conjunto controvertido de políticas que autoridades chinesas
têm adotado contra os cães.
Desde novembro vigora em
Pequim lei que permite apenas
um cão por família. Mas os moradores se recusam a entregar o
segundo animal à carrocinha, e
200 pessoas participaram de
uma manifestação que qualificou a exigência de arbitrária.
Segundo a BBC, o deputado
Jiang também disse estar preocupado com a limpeza urbana e
com a eliminação das fezes que
sujam as calçadas.
Além do "imposto do cachorro", ele quer proibir a criação
nas cidades de cães excessivamente grandes ou de raças que
tenham um comportamento
mais agressivo.
Um outro argumento dele é o
de que o imposto desencorajaria pessoas mais pobres a criarem cães domésticos.
Meio milhão de vítimas
Em agosto do ano passado,
depois da morte por raiva de 16
pessoas, as autoridades municipais de Jining, na Província
de Shandong, a oeste do país,
decidiram matar todos os cães
na cidade e em aldeias num raio
de cinco quilômetros.
Cerca de 500 mil animais foram mortos. Um grupo ocidental de defesa dos direitos animais, chamado Peta, lançou
campanha pelo boicote a produtos chineses.
Jornalistas locais disseram
que os proprietários dos animais se recusavam a entregá-los à carrocinha e tinham como
alternativa envenená-los diante dos fiscais.
O jornal britânico "The
Guardian" relata que no distrito de Wanzhou os proprietários
de cães têm até o próximo dia
16 para entregá-los ou comprovar que eles foram mortos.
Uma outra entidade ocidental de proteção, a Humane Society, distribuiu nota em que
acusava as autoridades chinesas de negligência por não vacinarem os animais.
O fato de ser ou não proprietário de cães domésticos foi por
muito tempo na China uma
questão privada, sem maiores
ingerências do setor público.
O quadro mudou com a proliferação da hidrofobia e com a
incompetência das campanhas
de vacinação. Além disso, com a
aparição de uma nova classe de
ricos, ser proprietário de um
cão de raça também passou a
dar status social.
Em Nanquim, em maio de
2004, a mídia relatou o pedido
de divórcio de um cidadão cujo
cachorro, chamado Tigrinho
Negro, foi morto por sua mulher. Ela não se conformava
com a sujeira feita pelo cão
num apartamento luxuoso que
eles compraram.
Na época, com estimados
700 casos de morte por hidrofobia a menos que hoje, a Universidade de Pequim publicou
estudo afirmando que proprietários de cães tinham mais saúde e eram mais felizes que o
restante da população.
Arqueólogos acreditam que a
China foi o primeiro país, há
cerca de 12 mil anos, em que os
cães foram domesticados.
Trata-se também do país em
que cerca de 300 mil animais
são criados especialmente para
o corte. A carne de cachorro é
bastante cara e é consumida
por uma minoria.
Com agências internacionais
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