São Paulo, terça-feira, 13 de março de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pequim recomenda que os tribunais limitem a condenação à pena de morte

DA ASSOCIATED PRESS

O Judiciário e o governo da China publicaram declaração conjunta em que recomendam a diminuição da aplicação da pena de morte. O texto, assinado pela Corte Suprema do Povo e pelos ministérios da Segurança Pública e da Justiça, também condena a tortura nos interrogatórios e a prática de desfilar pelas ruas prisioneiros que serão em seguida executados.
O regime comunista chinês é o que mais aplica a pena capital, com supostamente 1.770 casos em 2005, o que já representaria 80% das execuções mundiais. A cifra verdadeira, ao que se acredita, deve ser bem maior.

10 mil executados
A Anistia Internacional cita um integrante do Parlamento chinês, para quem em torno de 10 mil pessoas são em média executadas todos os anos.
"Nosso país ainda não pode abolir a pena de morte, mas deve gradualmente reduzir sua aplicação", afirma o documento. "Se houver a possibilidade de alguém não ser executado, então a execução não deverá ocorrer", diz ainda.
Além de réus condenados por homicídio, estupro ou tráfico de drogas, a pena de morte também é aplicada a crimes que não ocorrem com violência, como a sonegação de impostos e a corrupção.
O país tem enfrentado casos de réus executados e que em seguida se descobre que confessaram sob tortura ou que seus processos não foram suficientemente instruídos.
O episódio mais rumoroso ocorreu em 2005, com a reaparição de uma mulher "assassinada" muitos anos antes, e cujo "assassino" fora executado como um verdadeiro homicida em 1989. O tribunal que o julgou aceitou que ele havia confessado o crime.
Uma lei em vigor desde o ano passado estipula que toda execução deve ser previamente aprovada pela Corte Suprema do Povo. Com isso, procura-se coibir os excessos de tribunais do interior, que aplicam a pena de morte de modo indiscriminado, por acreditar -o que as estatísticas contestam- que as execuções inibam o crescimento da criminalidade.
As recomendações oficiais agora anunciadas exortam à aplicação de práticas comuns em tribunais do Ocidente, como a plena garantia dos direitos da defesa e a anulação de depoimentos de réus obtidos debaixo de tortura.


Texto Anterior: China quer imposto do cachorro
Próximo Texto: EUA: Jornalista conta como sofreu abuso de padre
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.