São Paulo, sexta-feira, 13 de março de 2009

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Polícia alemã avalia acusar pai de jovem que matou 15

Arma utilizada em massacre, obtida legalmente, não estava devidamente guardada

Para porta-voz, "tudo indica negligência'; polícia chegou a dizer que autor prometera pela internet cometer crime, mas versão está em xeque

DA REDAÇÃO

A polícia da Alemanha avalia a possibilidade de acusar por homicídio culposo -sem intenção- o pai do jovem de 17 anos que matou anteontem 15 pessoas antes de se suicidar, conforme versão oficial, em Winnenden (sudoeste). Embora adquirida legalmente, a arma usada no massacre não estava trancada, como prevê a lei.
"Tudo aponta para negligência do pai no armazenamento da arma", disse o porta-voz, Ralf Michelfelder. Segundo a polícia, 14 das 15 armas -todas legais- do pai de Tim Kretschmer estavam guardadas conforme a lei alemã. A Beretta 9 milímetros usada pelo jovem, porém, estava no quarto do pai.
Ainda conforme a versão oficial, Kretschmer saiu de casa com mais de 200 balas, todas também adquiridas legalmente pelo pai e acessíveis ao jovem. Cerca de 60 cápsulas foram encontradas no colégio, e outras mais de 50 durante o percurso até o desfecho do episódio.
O massacre teve início às 9h30 (hora local) de anteontem, quando Kretschmer entrou no colégio de ensino médio Albertville, onde estudara, e matou 12 pessoas a tiros, sendo oito alunas, um aluno e três professoras.
Durante a fuga, o jovem matou outra pessoa, sequestrou um carro com o motorista e deslocou-se para uma cidade 40 km ao sul. Acuado, Kretschmer matou mais duas pessoas em uma loja de carros, trocou tiros com policiais e se matou, segundo versão da polícia.
No começo do dia de ontem, a polícia chegou a afirmar que Kretschmer fizera um alerta a um interlocutor em um chat na internet apenas sete horas antes de chegar ao colégio. À noite, porém, a polícia voltou atrás e disse ter dúvidas sobre a autenticidade da mensagem.
"Amanhã vocês vão ouvir sobre mim. Guarde o nome desse lugar: Winnenden", dizia a mensagem inicialmente atribuída a Kretschmer pelas autoridades, e supostamente endereçada a um interlocutor virtual, Bernd, também de 17 anos.
As dúvidas quanto à veracidade do texto surgiram após buscas da polícia no computador de Kretschmer, que não tinham indícios de sua autoria. Na máquina, foram encontrados, porém, vídeos pornográficos, jogos violentos e uma coleção de filmes de ação e terror.
O Ministério do Interior alemão informou ainda que o jovem chegou a se submeter a tratamento psicológico de abril a setembro do ano passado, quando desistiu.
Em Winnenden, cidade de 27 mil habitantes, e em toda Alemanha o dia ontem foi de comoção. Em frente ao colégio, foram depositadas velas, flores e mensagens às vítimas. Bandeiras em prédios públicos foram baixadas a meio mastro. A chanceler Angela Merkel disse que "o dia é de dor" para o país.


Com agências internacionais

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