São Paulo, sábado, 13 de março de 2010

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Lula firma acordo econômico antes de ida ao país

DA REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inicia amanhã seu giro pelo Oriente Médio com uma boa notícia para Israel, na área econômica, mas com um discurso que deve desagradar os governantes israelenses.
O acordo de livre comércio entre o Mercosul e o país entrará em vigor para o Brasil no dia 4 de abril. Lula assinou o documento em janeiro, mas só na semana passada "depositou" sua concordância com o começo de relações comerciais entre Mercosul e Israel, no Paraguai (depositário das ratificações feitas pelos países do bloco).
O Uruguai foi o primeiro a aderir ao acordo, no ano passado. Ainda faltam Paraguai e Argentina assinarem o documento, mas isso não impede que Brasil e Uruguai mantenham relações comerciais com Israel sob as regras do Mercosul.
Segundo o Itamaraty, o intercâmbio comercial do Brasil com Israel saltou de US$ 440 milhões, em 2002, para US$ 1,6 bilhão, em 2008 -volume que pode crescer com o novo acordo, o primeiro do Mercosul com um ator extrarregional.
Se no plano econômico a relação vai bem, na esfera diplomática as divergências, principalmente sobre o Irã, devem se manter com a viagem, a julgar por entrevista dada por Lula ao jornal israelense "Haaretz".
Embora tenha dito aos jornalistas que advertiu o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad de que não insistisse em negar a ocorrência do Holocausto, Lula insistiu no diálogo como caminho para dissuadir Teerã de tentar obter a bomba nuclear, posição radicalmente oposta à de Israel, que prega duras sanções contra o país.
"[Quem sai] comparando Hitler ao Ahmadinejad, ao Irã de hoje, está tendo o mesmo comportamento radical que acha que o Irã tem. Então, uma pessoa que age assim não está contribuindo em nada para o processo de paz que queremos construir para o futuro. Não é possível fazer política com ódio e com ressentimento. Quem quiser fazer política com ódio, com ressentimento, saia da política, porque senão será um péssimo governante", chegou a dizer Lula, questionado se pregaria o diálogo também com Adolf Hitler nos anos 30.
Lula defendeu a entrada do Brasil nas negociações de paz no Oriente Médio. "Tenho conversado com os presidentes dos principais países do mundo, sobretudo os que fazem parte do Conselho de Segurança da ONU, e sinto que todos desejam construir o processo de paz no Oriente Médio. Mas eu sinto, também, que os interlocutores já estão um pouco desgastados na negociação. E me pergunto se não é necessário encontrar outros interlocutores."


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