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São Paulo, domingo, 13 de abril de 2003

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Moradores exigem segurança

DA REDAÇÃO

Três dias após saudarem a entrada dos tanques norte-americanos em Bagdá, os moradores da capital iraquiana começam a perder a paciência e exigir segurança diante da passividade dos militares dos EUA com relação à onda de saques, desordem e destruição que tomou conta da cidade.
Militares americanos e policiais iraquianos tiveram ontem sua primeira reunião em Bagdá para tentar controlar a situação. Policiais iraquianos se dispuseram a ajudar as tropas de ocupação a controlar os saques e a anarquia.
"Bagdá é como um grande barco à deriva. A dor e a morte aumentaram quando a coalizão entrou", afirmou o comerciante Salah Jamir, do bairro de Chorga, na região central.
Cerca de cem iraquianos, muitos deles estudantes, protestaram no centro da cidade, segurando um cartaz com os dizeres "Nós queremos um novo governo o mais rápido possível para garantir segurança e paz".
"Queremos cooperar com o novo governo iraquiano e as tropas americanas para manter a paz e a segurança", disse o estudante Dhargham Adnan, 25, da Universidade de Bagdá. Para Adnan, as tropas americanas não parecem estar fazendo nada para interromper os saques à maior parte dos prédios públicos da capital. "Eles só tentam proteger as companhias de petróleo e o Ministério do Petróleo. Todo o resto está sendo destruído, e eles não fazem nada, só observam", disse.
O engenheiro Haidir Shawk, 58, apelou aos soldados americanos para que imponham a ordem. "Os americanos tomaram o lugar do regime, e a segurança é parte de sua responsabilidade", disse.
Apesar das promessas dos EUA de que agiriam para impedir os saques, algumas de suas ações tiveram o efeito contrário, como a reabertura pelos soldados americanos de duas pontes estratégicas no coração de Bagdá. Com o acesso a um novo território que ainda não fora atacado, multidões de saqueadores cruzaram as pontes, sem que as forças americanas agissem para impedi-los.
Os saqueadores voltaram a atacar prédios públicos, hospitais, escolas e o Museu Nacional, levando ou destruindo muitos dos tesouros arqueológicos do país.
"Essa é a propriedade desta nação e é o tesouro de 7 mil anos de civilização", afirmou o empregado do museu Ali Mahmoud. "O que esse país está fazendo?"
O diretor-geral da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), Koichiro Matsuura, pediu à coalizão militar que envie tropas aos principais sítios arqueológicos e museus do país para impedir a destruição e os saques.


Com agências internacionais

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