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São Paulo, domingo, 13 de abril de 2003

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Cresce cerco a Tikrit, último bastião

Coalizão volta a bombardear cidade natal de Saddam, onde poderiam estar ex-líderes

DA REDAÇÃO

Com bombardeiros, as forças da coalizão anglo-americana intensificaram ontem o cerco a Tikrit, cidade natal de Saddam Hussein, ao norte de Bagdá, último bastião de resistência entre as grandes cidades do Iraque.
Acredita-se que os principais líderes do regime deposto, entre eles o ex-ditador, seus filhos e os principais assessores, possam estar escondidos na cidade.
Apesar disso, o Comando Central dos EUA no Qatar disse que a queda de Tikrit não significará necessariamente o fim da guerra no Iraque. "Se Tikrit cair e for como em outras cidades que tomamos, com o fim de qualquer presença do regime, nenhum controle mais por esse regime e a remoção das forças militares, será apenas mais uma cidade. Ainda poderá haver outras áreas", afirmou o general Vincent Brooks, porta-voz do Comando Central.
"Tikrit não é o único lugar onde acreditamos que haja a presença de forças do regime ou líderes do regime ou atividades do regime. Então ainda haveria trabalho para ser feito depois disso", afirmou.
Brooks disse ainda que os EUA também tinham outros objetivos além de derrubar Saddam Hussein, principalmente eliminar a capacidade do Iraque de produzir armas nucleares, químicas e biológicas. "Há um número de objetivos que foram colocados no começo desta operação. Ainda temos uma quantidade tremenda de trabalho para fazer com relação ao programa de armas de destruição em massa", afirmou Brooks. "Ainda estamos convencidos de que elas estão presentes dentro do país, e nós as encontraremos. Vai levar um tempo. Tikrit não está relacionada com isso."
Após o colapso do regime de Saddam em Bagdá e a rendição sem luta de suas forças em Mossul, todos os olhos estão voltados para Tikrit, cidade de 200 mil habitantes ao norte da capital.
As forças lideradas pelos EUA vêm bombardeando a cidade há semanas, visando aquelas que são consideradas as mais fortes posições da Guarda Republicana em todo o país.
Bruno Tetrais, analista da Fundação para Pesquisas Estratégicas, de Paris, diz que a última batalha da guerra pode ser também a mais difícil. "Pode ser um ato semi-suicida pelos últimos defensores do regime iraquiano", afirma.
Michael Clarke, diretor do Instituto de Política Internacional do King"s College, de Londres, diz que Tikrit foi reforçada por tropas que deixaram outras cidades, incluindo Bagdá. "O Iraque mantém 50 mil soldados lá e talvez mais, apesar de não estar claro quantos lutariam", disse.
A dificuldade da luta em Tikrit dependerá do efeito de anos de tratamento privilegiado aos seus moradores. "Essa é a tribo de Saddam. Eles podem decidir afundar junto com o barco porque sabem que, se se renderem, não serão tratados de maneira gentil", diz Larry Korb, ex-secretário-assistente de Defesa dos EUA.
Militares dos EUA e do Reino Unido dizem não ter pressa para lançar uma operação de tomada de Tikrit. "Obviamente temos tido nossa campanha para Tikrit se desenvolvendo há algum tempo, bombardeando alvos militares e do regime por via aérea", disse o capitão Al Lockwood, porta-voz das tropas britânicas no Qatar.
"A campanha terrestre, quando acontecer, será feita em uma escala de tempo que esteja de acordo com nossos planos", disse. "Nos movimentaremos quando estivermos prontos." Isso poderia significar a espera por reforços.
Analistas dizem que os 30 mil soldados da 4º Divisão de Infantaria que começaram a se movimentar ontem em direção ao Iraque, a partir do Kuait, poderiam ser a espinha central da tomada de Tikrit. "Antes de entrarmos, continuaremos bombardeando como estamos fazendo, assim não haverá muito mais sobras contra quem lutar", diz Korb.


Com agências internacionais

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